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Nicolas Poussin (1594-1665)
Grande mestre da pintura clássica no barroco francês
Carreira principalmente em Roma, tendo sido inspirado e influenciado pela arte antiga e pelos principios da estética clássica
Também era um grande colecionador de obras classicas
Nicholas Poussin, Et in Arcadaia Ego, 1655
Uma das suas pinturas mais enigmáticas
Fusão entre mitologia e a reflexão sobre a morte
Cena de pastores idealizada e clássica- eles observam um túmulo com uma inscrição em latim
Forte domínio da paisagem
Nicholas Poussin, O Rapto das Sabinas, 1637-38
Equilibrio entre movimento dramático e clareza composicional, forte influência do modelo clássico e da energia barroca
Paisagem com arquitetura clássica
Relembra a pintura de Pietro da Cortona com o mesmo tema
A PRIMEIRA SÉRIE dos 7 Sacramentos,1637-1642 (feita para Cassiano dal Pozzo)→ Pintura O Sacramento da Ordenação (Cristo Apresentando as Chaves a São Pedro) , c. 1636-40 Nicolas Poussin
Forte poder emocional nas figuras por meio dos gestos dos vários apóstolos
A PRIMEIRA SÉRIE dos 7 Sacramentos,1637-1642 (feita para Cassiano dal Pozzo)→ Pintura Casamento, about 1637-40 Nicolas Poussin
Casamento da Virgem com José na presença do Espírito Santo→ flores nascem flores da vara de José indicando que ele é o homem com quem Maria deve casar
Presença da arquitetura clássica
A SEGUNDA SÉRIE dos 7 Sacramentos,1644-1648 (feita para Paul Fréart de Chantelou)→ Pintura O Sacramento da Ordenação, 1647, Nicolas Poussin
Enquanto que na primeira obra com este tema os apostolos estão dispostos numa longa fileira na frente da composição, nesta pintura Cristo está no centro com S. Pedro ajoelhado de costas para nós
Apostolos estão dispostos em 2 grupos
Profundidade maior na paisagem
A SEGUNDA SÉRIE dos 7 Sacramentos,1644-1648 (feita para Paul Fréart de Chantelou)→ Pintura Casamento, Nicolas Poussin
Pintura mais densa e tensa comparada à outra obra com o mesmo tema
Cenário mais escuro→ maior tratamento da luz e da escuridão- luz brilha de forma impressionante e detalhada
A SEGUNDA SÉRIE dos 7 Sacramentos,1644-1648 (feita para Paul Fréart de Chantelou)→ Pintura Eucaristia, Nicolas Poussin
tem uma solenidade e dramatismo que está totalmente ausente na da 1º serie
sala mais simples
representa a eucaristia mas nunca deixa de representar a traição de Judas (que está a sair da sala do lado esquerdo), algo bastante evidente nas expressões e ações de alguns dos apostolos
detalhe das figuras e as suas sombras
Nicholas Poussin, Holy Family on the Steps, 1648
composição aparentemente simples mas com uma simbologia complexa sobre o papel da familia sagrada na redenção da humanidade
no centro Maria com o menino, também Santa Isabel e seu filho S. João Batista que oferece uma maçã a Jesus→ simbolo da queda da humanidade no jardim de Éden
José segura uma bussola- simbolo que remete a Deus Pai
Escultor François Duquesnoy (1597-1643)
Viveu grande parte em Roma→ influencia do classicismo com uma mistura das caracteristicas do Barroco- tensão entre serenidade clássica e o movimento dramático
François Duquesnoy, Estátua de Santa Susana, 1629 para S. Maria di Loreto
Busca pela imitação e renovação do estilo gracioso/suave clássico grego, inspira-se em escultores como PRAXITELES
François Duquesnoy, restauro de estátuas romanas
Restauro da Estátua de Dionísio sentado sobre uma pantera e restauro do Rondanini Faun
Duquesnoy também fez muitas pequenas estatuetas de bronze (tamanho mais pequeno) para coleccionadores que procuravam peças que se parecessem com antiguidades.
Exemplo desta onde se encontra representado Mercúrio
Colaboração de Duquesnoy com Bernini em S. Pedro, realizando uma das 4 estátuas da travessia: estátua de Santo André
Fusão do estilo clássico deste escultor com as outras obras dramáticas de Bernini no mesmo espaço
Charles Le Brun (1619-1690)
Combinação de normas classicistas com a expresisvidade barroca: fusão entre harmonia e dinamismo
Desejo de transmitir a grandeza e autoridade do rei Luis XIV
Fundador da Academia Real de Pintura e Escultura permitindo assim uma abordagem mais disciplinar na França→ academia como instrumento de propaganda real
Esta academia irá estabelecer o Grand Prix de Rome
Charles Le Brun copia a Batalha de Constantino de Rafael (excelente exemplo de pintura classicizante e renascentista)
Charles le Brun (à esquerda) estuda a partir de obras-primas maneiristas: a Deposição de S. Trinità dei Francesi
Charles Le Brun Suicidio de Cato→ inspiração e influencia de Judite decapitando Holofernes, uma pintura de episódio bíblico de Caravaggi
Charles le Brun Luto sobre o Cristo morto→ Deposição sombria muito semelhante à de Carracci
Charles le Brun também vai se inspirar em: Jusepe de Ribeira e Massimo Stanzione, pintura barroca napolitana obscura; e Paolo Veronese
Versailles e Jean Batiste Colbert
Jean Batiste Colbert ministro de Luis XIV→ grande patrono da arte e cultura→ impulsionador da construção de Versailles
Grande patrono de Charles le Brun que se tornou principal pintor do rei e desenvolveu o estilo artistico que define a decoração deste palácio→ estética imperial e grandiosa
Escada Principal dos Embaixadores no Velho Versailles
Projetada por Charles le brun na parte da pintura e François d’Orbay na parte da arquitetura
exemplo notável da grandiosidade barroca que marcou o reinado deste rei
era um dos acessos mais importantes no palácio utilizada principalmente para receções formais e embaixadores estrangeiros
situada num grande vestibulo com duas rampas
no meio destas escadas estaria um busto do rei feito por bernini→ forte realismo e expressão de poder, bem como uma sensação de movimento e vivacidade, ao contrario dos bustos franceses mais focados na imagem régia e formal
Renovação do Versailles→ Galeria dos Espelhos de Jules Hardouin- Monsart
uso inovador de espelhos e sua grandiosidade
salão com efeito de opulência e reflexo
Tapeçarias Gobelins desenhadas por Le Brun→ design de interiores e não apenas pintor
serie de tapeçarias que contam a vida do monarca representando os eventos mais importantes do seu reinado
propaganda visual que reforçava a sua imagem de rei absoluto e divino→ exibição o poder e prestigio
manufatura de tapeçaria estabelecida por Colbert
Caravaggio e seu impacto
inovações técnicas e estéticas revolucionaram a pintura do final do sec XVI e inicio do sec XVII em varias partes da Europa
ausencia de desenho prévio→ pintava diretamente sobre a tela criando assim uma pintura mais espontânea
anti-académico→ não seguia normas nem temas convencionais- surge novos géneros mais ligados com o quotidiano por exemplo
mestre do tenebrismo→ intensos constrastes de luz e sombra para criar uma dramática enfase nos objetos e figuras retratadas
Fases de Caravaggio: Fase Romana
maneirismo ainda dominava, bem como os temas religiosos mais idealizados
trabalha para cardeais e outras figuras e mecenas importantes, ganhando rapidamente reconhecimento pela sua originalidade e pelo seu estilo revolucionário
Fases de Caravaggio: Fase de 1600
Consolidação da sua identidade como artista onde cria algumas das suas obras mais conhecidas
diversas encomendas de figuras poderosas e expansão do seu circulo de influencia
Fases de Caravaggio: Fase Nepolitana
Foge para Nápoles devido a um conflito com a justiça em Roma
nova fase da sua produção e de grande impacto na pintura napolitana
obras com uma intensidade emocional ainda maior
Comtemporaneo a Caravaggio→ Annibale Carracci
autor da pintura do teto do Palácio Farnese- mistura de elementos clássicos com a exuberancia barroca
grande figura também no surgimento de outros generos pictóricos influenciados pela tradição flamenga
temas não académicos e tratamento mais naturalista da figura em cenas do quotidiano
ex de obras "Grande Macelleria" (c. 1585) (obra da cena do mercado); e “Mangiafagioli” (homem a comer feijão)
Caravaggio "Rapaz Descascando Fruta" (1592-1593)
exemplifica a habilidade de representar o quotidiano de forma vivida e sem idealização
realismo surpreendente na maneira como o jovem está capturado no momento em que corta a fruta, criando uma conexão imediata com o espectador
contraste entre a luz e a escuridão do fundo- destaca se a figura e o seu ato
Caravaggio, Baco Doente 1593 e 1594
natureza bem expressa e representada
presença da beleza masculina e até erótica→ algo tipico desta 1º fase
é sublinhado a palidez do rosto e a cor azulada dos lábios
naturalismo acentuado
Caravaggio Rapaz com Cesto de Frutas c.1593
novidade de representar um jovem simples de baixo estatuto em vez de uma figura importante ou religiosa
é apenas alguem acompanhado de natureza morta→ outra novidade em termos de genero de pintura
presença da beleza masculina e até erótica→ algo tipico desta 1º fase
Caravaggio Cesto de frutas 1593
já nao se encontra nenhuma figura representada apenas a natureza morte como cena autónoma→ algo bastante revolucionario
Caravaggio O tocador de Alaúde c.1596
presença do tema da musica, algo muito tipico e frequente em varias obras deste artista
jovem simples e bonito
detalhe do reflexo no vaso de flores
Os Músicos (Caravaggio) 1595
outra vez a presença da musica rodeada de varias figuras
Baco (Caravaggio) c.1595
também faz obras mitológicas mas sempre com algum aspeto diferente que desconstroi os modelos clássicos→ neste caso Baco é representado como um Jovem
Medusa (Caravaggio) 1597
utiliza uma forma circular remetendo para os escudos circulares da antiguidade onde muitas das vezes a medusa era representada
tema que interessava varios artistas desde bernini a rubens
Caravaggio, Marta e Maria Madalena 1598
marta a converter maria madalena para uma vida de virtude, afastando a da anterior vida de prazer e pecado
marta argumenta com maria madalena, que segura uma flor e um espelho, simbolizando a vaidade que está prestes a abandonar
usa retrato de sua amada para representar esta cortejana
Santa Catarina de Alexandria (Caravaggio) 1598
não ha presença nem de cena de martirio ou algum atributo, apenas a roda e a espada, que se liguem a esta figura→ não é uma representação canónica
descosntroi a iconografia→ quase nem se vê a aurela
escuridade teatral
Judite e Holofernes (Caravaggio) 1599
representação de violência absoluta e brutal- marcada por exemplo pelo sangue
representação desta heroína do antigo testamento- representação diferente da tradicional→ aqui ela é representada no ato violento acompanhado por uma assistente mais velha dotada de forte realismo→ em contraste com as representações idealizadas anteriores das heroínas
Descanso na Fuga para o Egito (Caravaggio) 1597
enquadramento espacial marcado pela forte atenção para a natureza e paisagem
São Francisco de Assis em Êxtase (Caravaggio) 1595
tratamento especial da luz e escuridão→ destacando as figuras representadas, capturadas neste momento só como se estivessem paradas no tempo→ algo bastante comum na arte barroca com este tema
Sacrificio de Isaac (Caravaggio) c. 1598 - 1603
também desconstroi a representação tradicional deste evento→ anjo bastante perto e central nesta composição
(AQUI FECHA-SE PRIMEIRA FASE DE CARAVAGGIO)
Vocação de São Mateus (Caravaggio) 1599-1600→ é contratado para fazer uma capela contarelli na igreja de San Luigi dei Francesi com ciclos de pinturas dedicadas a São Mateus
momento em que jesus chama mateus para o seguir mas aqui o contexto é inserido e imerso numa taberna contemporanea tambem com a presença do vestuário da epoca→ reforça a modernidade presente nesta obra
soldados a beber numa taberna de noite→ aspeto importante da luz
indumentária de varias nações- simbolo da confusão e grandes oposições politicas que decorrem nesta epoca em roma
jesus traz consigo grande iluminação para os rostos daqueles à mesa
O Martírio de São Mateus (Caravaggio) 1599–1600 também na capela contarelli na igreja de San Luigi dei Francesi com ciclos de pinturas dedicadas a São Mateus
várias figuras agitadas e emoções
San Matteo e l'angelo (Caravaggio Roma) 1602
vestido como apostolo mais dignificado e severo, ao contrario da 1º obra que tinha sido feita, onde o santo encontrava-se vestido de forma mais simples e descuidada, a ser ensinado e até controlado pelo anjo, representado como analfabeto
especial tratamento da luz
la prima versione della conversione di san Paolo realizzata per la cappella Cerasi (caravaggio) 1600-1601
momento parado e capturado no tempo e na ação
jesus é assistido e sustentado por um anjo, equando São Paulo, caido do cavalo, com as suas maos cobrindo os olhos cegos pela luz divina, é ladeado por um velho soldado
grande expressividade dramática e emocional
a segunda versão desta pintura também é semelhante
Madona de Loreto abrigada na Capela Cavalletti da igreja de Sant'Agostino (Caravaggio) 1604-6
virgem com uma aurela quase invisivel
pobres rezam à frente dela
virgem não está representada de forma canónica→ aqui mt simples e trivial
Madonna and Child with Saint Anne (caravaggio) 1605–1606
virgem imaculada com roupa da época com decote no seu vestido→ algo nada canónico e até provocador
menino desnudo→ algo também nada canónico e até teológicamente problemático
Transito della Madonna de Caravaggio/ Morte da Virgem (Caravaggio) 1604 e 1606
também não é figuração canónica da virgem neste momento→ aqui é representada como cortesã e representada mesmo morta, no meio da confusão dos apostolos que choram
devido a este tipo de representação a obra não foi aceita pela paróquia, tendo sido mais tarde comprada
O Sepultamento de Cristo (Caravaggio) 1603-4
pintura relaciona-se com o espaço onde se encontra, por cima de uma tumba na 2º capela em santa maria em Vallicella
forte representação das emoções
rubens vai fazer copia desta pintura
Duas pinturas de São João Batista 1602→ bastante semelhantes com a figura envolvida num manto vermelho
(FIM DA SEGUNDA FASE)
Madonna of the Rosary (Caravaggio) 1607
madona sentada num trono a dar consentimento com um gesto de mão a S. Domingos, vestido com o hábito e segurando um rosário→ fieis ajoelhados a ele
forte teatralidade→ assentuada com o manto vermelho no fundo atras das figuras
The Seven Works of Mercy (Caravaggio) 1607
obra mistura estes 7 atos de misericórdia→ como por exemplo o ato de enterrar os mortos ou abrigar os sem abrigos
Battistelo vai fazer cópia desta pintura→ inicio do Caravagismo onde este vai realizar várias obras inspiradas no estilo de caravaggio→ exemplos: obras “Batismo de Cristo” e “Cristo e Caiaphas”
Portrait of Alof de Wignacourt and his Page (Caravaggio) 1607-1608
faz parte de serie de retratos que caravaggio fez para os cavaleiros da ordem de malta
explendida armadura milanesa preta e dourada
pagem jovem
The Decapitation of Saint John the Baptist, 1607 by Caravaggio
forte violencia e brutalidade
forte impacto emocional, representando de forma crua a execução
sensação visceral de morte e sacrificio
Salome with the Head of John the Baptist (Caravaggio, London) 1607/1610
tratamento da violencia e do sofrimento humano continua aqui representado com grande realismo
desconstrução de um tema religioso tradicionalmente idealizado
St Jerome by Caravaggio 1605–06
O brasão/escudo de armas no canto inferior direito do quadro é o de Ippolito Malaspina, Prior da Ordem dos Cavaleiros de São João (os Cavaleiros de Malta) em Nápoles→ encomendador da peça
São Jerónimo era venerado como o tradutor da Bíblia, o que se vê aqui
Ritratto di Antonio Martelli, Cavaliere di Malta, Caravaggio 1608-1609
Até há pouco tempo, pensava-se que esta pintura representava Alof de Wignacourt, Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros de Malta, e que era um estudo preparatório para o grande e famoso Retrato de Alof de Wignacourt e da sua Pajem, mas descobertas documentais recentes indicam que se trata do retrato de outro membro proeminente da Ordem, António Martelli de Florença, Prior de Messina.
Um clarão ilumina a figura do cavaleiro de Malta, representado a meio comprimento sobre um fundo escuro, virado três quartos para a direita e envergando o uniforme da ordem, com a grande cruz branca em pectore.
A forte iluminação investiga cuidadosamente os detalhes anatómicos da figura, identificando com precisão os seus traços fisionómicos e os sinais de idade avançada.
A obra apresenta-se inacabada no fundo e nos pormenores da parte inferior da figura, hipótese que sugere ser esta a última obra pintada em Malta.
fase em Sicília ainda mais escura e dramática:
The Burial of Saint Lucy, Caravaggio 1608
O carácter dramático da cena é conferido não só pela redução do tamanho das figuras, mas também pela luz: já não orientada e uniforme como nas obras da época romana, mas mais dramática, cor de sangue e assumindo trágicas cintilações que quase apagam as figuras; a parede do fundo sulcada pelo arco cego torna, então, o conjunto ainda mais opressivo.
Caravaggio escapou da prisão em Malta em 1608, fugindo para Sicília. Aí, o seu companheiro romano Mario Minniti ajudou-o a conseguir uma encomenda para o presente retábulo.
Caravaggio pintou-o em 1608, para a igreja franciscana de Santa Lucia al Sepolcro.
A escolha do tema foi motivada pelo facto de Santa Luzia ser a padroeira de Siracusa e ter sido sepultada por baixo da igreja.
O tema era incomum, mas especialmente importante para as autoridades locais, que estavam ansiosas por reforçar o culto local de Santa Luzia, que tinha sofrido um revés com o roubo dos seus restos mortais durante a Idade Média
The Raising of Lazarus (Caravaggio) 1609
O Evangelho de João conta como Lazarus adoeceu, morreu, foi sepultado e depois milagrosamente ressuscitou dos mortos por Cristo.
Tal como em várias pinturas deste período da carreira de Caravaggio, a cena desenrola-se contra paredes vazias que se sobrepõem ao friso de actores humanos.
A interação do relevo de figuras envolvidas em esforço e emoção corporativos, com um grande vazio por cima, é bastante diferente dos dramas individualizados e bem focados dos seus períodos inicial e intermédio.
Como é habitual em Caravaggio, a luz torna-se um elemento importante no drama, destacando pormenores cruciais como as mãos de Lázaro - uma frouxa e aberta para receber, a outra estendida em direção a Cristo - e os rostos maravilhados dos espectadores.
Em agosto de 1608, Caravaggio fugiu de Malta, onde tinha sido preso por um crime desconhecido, e refugiou-se na Sicília com o seu amigo, o artista Mario Minniti. Por intercessão de Minniti, recebeu várias encomendas importantes, incluindo esta para a igreja dos Padri Crociferi em Messina
Adorazione dei pastori, Caravaggio 1609
O ponto focal da cena é Maria, no centro. Ela está vestida de vermelho vivo. Um dos três pastores mais próximos de Maria também tem um pouco do que parece ser o mesmo manto vermelho enrolado no braço. Isto pode simbolizar o gesto que ele está a fazer para tocar a Virgem enquanto ela segura Cristo. Os três pastores, bem como José, identificado por uma ténue auréola, olham com espanto e completa adoração para esta criança nascida num celeiro.
Não só os pastores, mas também as suas figuras sagradas são representadas como pessoas comuns da época. Estão descalços, com roupas vulgares.
Não há nenhuma fonte de luz sagrada para realçar que está a ocorrer um acontecimento divino. Em vez disso, o fundo é extremamente escuro, com apenas uma pequena fonte de luz. Parece que o espaço foi iluminado por uma única vela.
ele dispõe as suas figuras ao longo de linhas diagonais imaginárias, em vez de uma composição linear perfeitamente centrada, como no Renascimento.
Estilisticamente, Caravaggio utilizou uma técnica chamada claro-escuro, um forte contraste entre o claro e o escuro. A utilização desta técnica aumentou o dramatismo da obra, fazendo-a parecer crua e ampliando os aspectos emocionais da obra. O claro-escuro obriga o observador a concentrar-se nas figuras e no acontecimento, em vez de noutras coisas que se passam em segundo plano.
Nativity with Saint Francis and Saint Lawrence, 1609 Caravaggio
Está desaparecida desde 1969, altura em que foi roubada do Oratório de São Lourenço, em Palermo.
narra o nascimento de Cristo, traduzindo um realismo autêntico que torna o episódio verosímil. Os santos e madonas de Caravaggio têm os traços dos marginalizados e dos pobres
No Presépio de Palermo, cada personagem é apanhado numa atitude espontânea.
A presença de S. Francisco é certamente uma homenagem ao Oratório, que na altura tinha passado para a Venerável Companhia que lhe era dedicada. A figura da esquerda é São Lourenço.
A Madona, aqui disfarçada de mulher comum, tem um aspeto extremamente melancólico, e talvez pressagie já o destino do seu filho, colocado numa pequena cama de palha.
A cabeça do boi é bem visível, enquanto o burro mal se vislumbra. Mesmo por cima do Menino está um anjo planador, símbolo da glória divina.
Martírio de Santa Úrsula, Caravaggio 1610
Como é seu hábito, Caravaggio afasta-se da iconografia tradicional de Santa Úrsula, geralmente retratada apenas com os símbolos do martírio e na companhia de uma ou mais das suas companheiras virgens.
Em vez disso, o pintor opta por representar o momento exato em que a princesa, tendo recusado entregar-se ao huno Átila, é trespassada por este com uma flecha, conferindo à cena um tom requintadamente dramático.
A pintura decorre na tenda de Átila, pouco percetível graças ao pano de fundo, que funciona quase como um cenário teatral. Todo o ambiente é permeado por um complexo jogo de luz e sombra, que, no entanto, neste último quadro do artista, parece privilegiar mais a segunda do que a primeira, reflectindo provavelmente o período conturbado que o autor atravessava na parte final da sua vida.
A primeira personagem à esquerda é o próprio Átila, representado com roupas do século XVII; o bárbaro acaba de disparar a flecha e parece já ter-se arrependido do seu gesto, de tal forma que quase parece soltar o arco enquanto o seu rosto se contrai numa expressão de dor.
De facto, três bárbaros, também em trajes modernos (um deles usa mesmo uma armadura de ferro), acorrem para apoiar a santa, incrédulos com o gesto súbito e impulsivo do seu líder.
Salomé con la cabeza de Juan el Bautista (Caravaggio, Madrid) 1609
O académico John Gash observou como o olhar do executor para a cabeça cortada nesta pintura ajuda a transformar toda a obra “de um espetáculo provocador numa profunda meditação sobre a morte e a malevolência humana”.
David with the Head of Goliath-Caravaggio (1610)
Caravaggio capta o drama de forma mais eficaz ao colocar a cabeça pendurada na mão de David e a pingar sangue, em vez de a colocar numa superfície. A espada na mão de David tem uma inscrição abreviada H-AS OS; esta foi interpretada como uma abreviatura da frase latina humilitas occidit superbiam (“a humildade mata o orgulho”)
David está perturbado, “a sua expressão mistura tristeza e compaixão”[1]. A decisão de o representar como pensativo e resignado, em vez de jubiloso, cria uma ligação psicológica invulgar entre ele e Golias. Esta ligação é ainda mais complicada pelo facto de Caravaggio se ter representado a si próprio como Golias