Exame Nacional - História e Cultura das Artes

Exame Nacional - História e Cultura das Artes

UNIDADE 1 - A CULTURA DA ÁGORA

1. Contexto Histórico

  • As origens da civilização helénica (grega) encontram-se nas culturas minoica e micénica.
  • Entre os séculos VII e VI a.C., a civilização grega desenvolveu um processo cultural original, fundado no pensamento racional, que influenciou a sociedade, a vida pública, as crenças religiosas e a arte.
  • Períodos da Civilização Grega:
    • Período Arcaico (700-500 a.C.):
      • Consolidação política das cidades-estado.
      • Prosperidade económica.
      • Proliferação da atividade artística.
    • Período Clássico (500-323 a.C.):
      • Apogeu económico, político e cultural das cidades gregas (Atenas).
      • Introdução do racionalismo no ordenamento da cidade.
      • Afirmação do ideal clássico de beleza e perfeição.
    • Helenismo (323-30 a.C.):
      • Fusão de várias culturas; dissolução gradual da cultura grega.
      • Expansão da cultura sob responsabilidade dos Romanos.

2. Modelo da Cidade Grega (Pólis)

  • A partir do século V a.C., Atenas definiu o modelo de urbanismo ocidental.
  • A pólis era formada por cidadãos (homens livres) que habitavam e governavam o território.
  • Apenas homens nascidos em Atenas, filhos de pai e mãe atenienses, eram considerados cidadãos de pleno direito.
  • A cidade caracterizava-se pela diferenciação funcional, organizando-se em zonas específicas (políticas, administrativas, religiosas, comerciais, residenciais, etc.).
  • A organização da cidade compreendia três grandes áreas: Sagrada, Pública (Ágora) e Privada.

Área Sagrada

  • Constituída pelos principais templos e santuários.
  • Recinto sagrado, muralhado, situado no local mais elevado da cidade.

Área Pública (Ágora)

  • Centro da vida da Pólis.
  • Praça pública onde se realizavam as atividades políticas e económicas, o mercado, as assembleias, integrando teatros, estádios e a stoa.

Área Privada

  • Formada pelos bairros residenciais normalmente organizados sem distinções de classes sociais.

3. A Ágora: Um Espaço Público da Cidade

  • A ágora era o centro da vida política, económica, social e cultural da pólis.
  • A ágora de Atenas desempenhou um papel fundamental na consolidação da democracia e da política da cidade.
  • Era o lugar do exercício da cidadania, da liberdade e da democracia.
  • À volta da ágora situavam-se os edifícios mais importantes da cidade, destinados às funções administrativas, judiciais, legislativas, comerciais e religiosas da pólis.
  • Edifícios Importantes:
    • Areópago: Conselho judicial e político que julgava os crimes públicos.
    • Buleutério: Edifício em anfiteatro onde se reunia a assembleia dos cidadãos para debater os assuntos políticos da cidade.
    • Stoa: Edifício alongado com uma extensa galeria, destinado a funções diversas (comércio, exposições artísticas, cerimónias religiosas), aberto ao público.
    • Templos, santuários e altares dedicados a deuses e heróis.
  • No templo de Péricles (séc. V a.C.), a sociedade Ateniense era formada por três grupos sociais: os cidadãos, os metecos (estrangeiros residentes em Atenas) e os escravos.
  • Apenas os cidadãos (homens) tinham plenos direitos, podiam ser proprietários de terras e participar na vida política da cidade.

4. Arquitetura

  • A arquitetura procurava atingir a harmonia entre o Homem e a Natureza, o equilíbrio entre a sociedade e o universo, a união entre o Homem e os Deuses.
  • A arquitetura refletiu um sistema racional, fundado nas leis da matemática, da geometria e do pensamento racional.
  • A principal expressão da arquitetura grega foi o templo e as ordens arquitetónicas, sobre os quais incidiram as pesquisas técnicas, morfológicas e estilísticas.
  • O templo é um objeto arquitetónico com um forte carácter estético, destinado a ser contemplado do exterior.
  • Concebido como morada dos deuses, é no templo que se concentra a procura de racionalidade, da perfeição e do belo.

O Templo Grego

  • No traçado do templo são aplicadas as noções de ordem, proporção e harmonia.
  • Estrutura do templo:
    • Cella ou Naos: Habitáculo da divindade.
    • Pronaos: Pórtico que antecede a naos.
    • Opistódomos: Câmara do tesouro da cidade, para oferenda aos deuses.
    • Estilóbata: Superfície sobre a qual o templo está assente.
    • Estereóbata: Superfície escalonada.
    • Peristilo: Conjunto de colunas que circundam o edifício e suportam o entablamento.
    • Colunas in Antis
  • Tipos de templos:
    • Tetrástilo: 4 colunas na fachada.
    • Pentástilo: 5 colunas na fachada.
    • Hexástilo: 6 colunas na fachada.
    • Octástilo ou octóstilo: 8 colunas na fachada.
    • Decástilo: 10 colunas na fachada.
    • Dodecastilo: 12 colunas na fachada.

As Ordens

  • Ordem Dórica (séc. VII a.C.):
    • Mais simples, com um fuste talhado com caneluras em aresta viva e o capitel em formato troncocónico.
    • Aspeto robusto e sóbrio, sem motivos ornamentais, associado ao carácter masculino.
    • O fuste assenta diretamente no estilóbata.
  • Ordem Jónica (séc. VI a.C.):
    • Associado ao espírito feminino, apresenta proporções mais esbeltas, elegantes e com motivos decorativos.
    • A coluna possui base, as caneluras do fuste são semicilíndricas e o capitel é desenhado em forma de volutas enroladas em especial.
    • O friso é contínuo e com decoração esculpida.
  • Ordem Coríntia (séc. IV a.C.):
    • Evolução da ordem jónica.
    • Proporções esbeltas e elegantes, o fuste decorado com caneluras semicilíndricas, mas o capitel apresenta uma decoração mais exuberante com folhas de acanto, coroadas por voltas jónicas.
    • O entablamento e o frontão também apresentam motivos decorativos.
    • Integra-se no espírito mais ornamentado que caracterizou o séc. IV a.C.

5. A Escultura

  • Período Arcaico:
    • Os artistas gregos pesquisaram a proporção, a harmonia e um ideal de beleza aplicados à morfologia do corpo humano.
    • Marcado pelos Kouroi (plural de Kouros, representações heróicas) e pelas Korai (plural de Koré, imagens destinadas a serem colocadas nos santuários ou túmulos), figuras representadas num estilo hierático, sóbrio e frontal, que sugeria alguma expressividade.
  • Estilo Severo:
    • No séc. V a.C., a figura humana começa a apresentar movimento e um maior domínio das proporções; a sua expressão austera, séria e contemplativa faz designar estas estátuas de estilo severo.
    • O domínio da fundição de bronze também favoreceu a representação de figuras de atletas e divindades de acordo com o novo gosto.
    • A mitologia e as façanhas fantásticas de deuses e heróis dominam a temática da escultura.
  • Período Clássico:
    • A escultura atinge o seu expoente com uma série de obras-primas, executados por Fídeas, onde dominava o movimento, a expressividade e o naturalismo das figuras.
    • Nascimento do cânone a partir do Policleto e Praxíteles:
      • Harmonia entre as partes anatómicas.
      • Ligeiro movimento de ombros e quadris, o contraposto.
      • Altura do corpo igual a sete vezes a altura da cabeça.
  • Helenismo:
    • Durante o Helenismo, o interesse dos artistas dirigiu-se à expressão de paixão, de sentimento e do afeto, ou seja, à exteriorização das emoções, dando preferência a composições complexas, desequilibradas e com uma acentuada expressão dramática.

6. A Cerâmica

  • Estilo Geométrico:
    • Decoração com motivos e padrões geométricos: linhas retas, quebradas e onduladas, triângulos e losangos, ziguezagues e suásticas, etc.
    • A partir do século VIII a.C., introdução de animais e figuras humanas em silhuetas estilizadas.
  • Estilo Arcaico:
    • Fase orientalizante:
      • Cenas de carácter mitológico.
      • Representação de animais mitológicos com figuras mitológicas híbridas.
      • Aplicação de decoração vegetalista.
      • Técnica da incisão para definição de detalhes e elementos expressivos.
    • Figuras negras:
      • Elementos figurativos a negro sobre o fundo vermelho do barro.
      • Figuras traçadas em silhueta estilizada; pormenores definidos com a técnica de incisão de estilete.
      • Temas mitológicos.
      • Maior naturalismo e expressão.
  • Período Clássico:
    • Figuras vermelhas:
      • Fase de elevada qualidade técnica, plástica e expressiva.
      • Fundo pintado a negro com elementos figurativos a vermelho.
      • Naturalismo das figuras e dos cenários de enquadramento.
      • Temas mitológicos, cortejos e cenas do quotidiano.
  • Funções:
    • Deposição das cinzas dos defuntos.
    • Armazenamento de produtos alimentares.
    • Transporte comercias de produtos.
    • Conservação e armazenamento de óleos, perfumes e cosméticos.
    • Utilização em rituais religiosos.
    • Utilização como recipiente para beber vinho.

7. A Pintura

  • No séc. V a.C. registou-se uma assinalável evolução nas técnicas e sistemas de representação, com o aumento do realismo, o domínio do movimento e uma maior expressividade das figuras.
  • Os temas favoritos são as cenas alegóricas e mitológicas, o quotidiano, as paisagens e as natureza mortas.
  • Aplicações da pintura:
    • Cerâmica pintada.
    • Decoração de interiores domésticos.
    • Pintura de templos - elementos arquitetónicos e baixos-relevos.
    • Pintura de estátuas.
    • Pinturas funerárias na decoração de túmulos.
  • Pintura a fresco:
    • Decoração de interiores das habitações com pinturas a fresco.
    • Fundo pintado a negro com elementos figurativos a vermelho.
    • Aproximação à tridimensionalidade - efeito de perspetiva.
    • Modelação dos volumes através da transição claro-escuro.
    • Temas mitológicos, paisagens e cenas do quotidiano.

2. A CULTURA DO SENADO

1. Contexto Histórico

  • Origens de Roma:
    • Fundada em 753 a.C., enquanto a Grécia estava no período arcaico.
    • Ao contrário da Grécia, formada por cidades-estado, Roma era inicialmente uma única cidade.
    • Roma passou de Monarquia (Etruscos) à República (séc. IV-I a.C.) e ao Império (séc. I a.C./d.C.) com Octávio Cesar Augusto.
  • Octávio Cesar Augusto:
    • Militar: Continuou as conquistas e estabeleceu a paz romana.
    • Político: Reformou a administração, reduziu os poderes do Senado e reforçou a sua autoridade com o Conselho Imperial e a Guarda Pretoriana.
    • Social: Reorganizou a sociedade segundo o sistema censitário para estabelecer a paz social.
    • Cultural: Promoveu o desenvolvimento das artes e letras, protegendo artistas e patrocinando obras públicas.
    • Religioso: Vinculou o culto do imperador à religião tradicional, sendo eleito sumo pontífice.
  • República:
    • Proclamada em 510 a.C.
    • Sistema político com governo de representação popular.
    • Administração da cidade e território baseada no Senado (poder legislativo), magistrados e exército.
    • Apenas os cidadãos ricos, os patrícios, tinham assento no Senado.

O Senado

  • Maior e único órgão permanente da estrutura política romana.
  • Inicialmente, composto por ex-magistrados de origem patrícia.
  • Funções máximas da governação: política externa, paz e guerra, administração das finanças.
  • Funções extraordinárias: suspender tribunais, intervir no governo das províncias, gestão do exército.
  • No Império, o número de senadores foi reduzido, e as funções tornaram-se legislativas e deliberativas na administração local.
  • As reuniões do Senado realizavam-se na Cúria, onde a retórica era fundamental para o sucesso dos oradores.
  • Os Romanos aprenderam a arte de falar com os Gregos.

2. Arquitetura Romana

  • Romanização:
    • Desenvolvimento urbano segundo o modelo de Roma.
    • Construção de edifícios públicos e privados segundo os padrões da arquitetura clássica.
    • Infraestruturas: estradas, pontes, aquedutos, redes de água e esgotos.
    • Difusão dos costumes romanos: termas, jogos, teatro, religião, alimentação e vestuário.
    • Adoção do latim como língua oficial.

Características

  • A arquitetura romana foi um dos maiores legados da civilização romana, caracterizada pelo pragmatismo, racionalismo, funcionalismo e utilitarismo.
  • Estradas, pontes, aquedutos, basílicas, termas, anfiteatros, templos e circos foram espalhados pelas províncias.
  • A arquitetura romana foi sistematizada na obra De Architetura, de Vitrúvio, que estabelece as bases da edificação: solidez, utilidade, beleza e decoro.
  • A utilidade era um dos maiores valores, com a construção e o urbanismo ao serviço do bem comum e do desenvolvimento civilizacional.
  • A arquitetura enaltecia e manifestava o prestígio do Império.
  • A arquitetura romana resultou da assimilação de elementos das culturas etrusca e grega.
  • Herença Etrusca:
    • Emprego do arco de volta perfeita e da abóbada na resolução de problemas estruturais.
    • Templo elevado sobre um pódio proeminente.
  • Herença Grega:
    • Apropriação das ordens arquitetónicas, com preferência pela ordem coríntia. Criação de duas novas ordens: a toscana e a compósita.
  • Inovações Tecnológicas:
    • Opus caementicium: argamassa formada por areia, cal, cascalho e água.
    • Arco de volta perfeita e abóbada de berço.
    • Racionalização de meios, materiais e mão de obra.

Fórum

  • Espaço retangular com uma escala monumental e funções propagandísticas do poder imperial.
  • Integra os edifícios mais importantes da administração, templos e basílicas.

Tipos de Edifícios/Monumentos

  • Arcos de Triunfo
  • Panteão de Roma (125 d.C.)
  • Arquitetura civil: basílicas, tribunais, cúrias, mercados, domus, villae.
  • Arquitetura do lazer: termas, teatros, anfiteatros, circos.
  • Arquitetura religiosa: templos, santuários e altares.
  • Arquitetura comemorativa: arcos de triunfo e colunas triunfais.
  • Arquitetura funerária: Mausoléus, túmulos, capelas.

Urbanismo Romano

  • Carácter monumental e propagandístico.
  • Traçado segundo uma malha de ruas ortogonais com quarteirões.
  • Estrutura articulada a partir de duas ruas principais: o cardo e o desumano.
  • O Fórum como centro da vida cívica e urbana.
  • Integração de equipamentos públicos e infraestruturas.

3. Escultura Romana

  • No retrato, os romanos preferiram a representação realista e expressiva.

Tipos de Escultura

  • Estátuas públicas.
  • Estátuas equestres.
  • Retratos.
  • Frisos em baixo-relevo em arcos de triunfo, colunas triunfais, altares, sarcófagos e estrelas funerárias.

Características da Estatuária Pública

  • Fusão do realismo com a idealização de inspiração helenística.
  • Representação realista dos traços fisionómicos, expressivos e psicológicos.
  • Estátuas públicas de imperadores, chefes militares e senadores visam a glorificação dessas figuras.
  • A representação de imperadores assume um caráter divino.

Funções da Escultura Romana

  • Exaltar o prestígio do Império.
  • Glorificar o poder imperial.
  • Consagrar os heróis e glorificar os chefes políticos e militares.
  • Eternizar a memória dos antepassados.

Características dos Retratos

  • Influência da tradição da escultura etrusca e helenística.
  • O retrato associado ao culto doméstico dos antepassados.
  • O retrato como reflexo do individualismo e da valorização do caráter e da personalidade.
  • Interesse em perpetuar a memória do indivíduo.
  • Representações com grande realismo e preocupação pelas características fisionómicas e psicológicas.
  • Enaltecimento das virtudes e qualidades cívicas do retratado.

Características dos Baixos-Relevos

  • Representações narrativas de episódios históricos e temas mitológicos.
  • Estilo realista e objetivo.
  • Tratamento do espaço com efeitos de perspetiva.
  • Enaltecimento de individualidades.
  • Carácter propagandístico do Império.

4. Pintura e Mosaico

  • A pintura e o mosaico são as expressões artísticas que melhor refletem os padrões de vida e o quotidiano dos romanos.

Estilos da Pintura Romana

  • Primeiro estilo (Incrustação): Imitação de blocos de alvenaria em estuque.
  • Segundo estilo (Arquitetural): Ilusionismos arquitetónicos.
  • Terceiro estilo (Ornamental): Esquema decorativo concentrado em ornamentos formais.
  • Quarto estilo (Intricado): Paleta de idiomas decorativos.

Técnicas da Pintura Romana

  • Pintura a fresco.
  • Encaústica sobre madeira.
  • Mosaicos.

Funções da Pintura Romana

  • Função decorativa.
  • Função simbólica.
  • Função alegórica.

Características da Pintura Romana

  • Animação dos espaços interiores com efeitos ilusionistas de perspetiva.
  • Enriquecimento cenográfico dos ambientes interiores.
  • Expressão do luxo, do requinte e do conforto.
  • Simulação de cenografias arquitetónicas.
  • Representação de figuras, objetos e ambientes com grande realismo.

Principais Centros de Pintura

  • Pompeia.
  • Herculanum.

Mosaico

  • Composição pictórica feita a partir de pequenas unidades/peças (tesselas) que podem ser feitas de pedra, cerâmica, vidro ou metal.
  • Podem ser a preto e branco ou policromos.
  • Temas variados: decoração geométrica, motivos mitológicos, motivos animais, motivos de caçadas e representação humana.

UNIDADE 3 - A CULTURA DO MOSTEIRO

1. Contexto Histórico

  • Os espaços do cristianismo:
    • A queda do império romano foi um processo gradual. Desde o século III, o império entrou numa decadência motivada por intrigas, conspirações políticas e uma crise económica.
    • A divisão do Império após a morte de Teodósio desencadeou a sua desagregação.
    • Em 305, o imperador Constantino subiu ao poder e tomou decisões com consequências na História da cultura e da arte ocidentais:
      • Oficialização do Cristianismo como religião do Império (313).
      • Transferência da capital do Império para Bizâncio (323), que passou a chamar-se Constantinopla.

2. Mosteiro

  • Monaquismo:
    • Propósitos: aperfeiçoamento espiritual, aprofundamento das virtudes cristãs e união Mística com Deus.
    • Os mosteiros estavam isolados da sociedade.
    • Monges viviam em silêncio, cultivando a austeridade, o trabalho, a oração e a dedicação exclusiva de Deus.
    • São Bento de Núrsia estabeleceu um conjunto de normas e regras para as comunidades em mosteiros. A maior referência é o Mosteiro de São Galo.

Regra Benedictina

  • Monges deviam obedecer a um abade e cumprir um conjunto de tarefas e deveres.
  • A regra valorizava:
    • A meditação e a oração.
    • O trabalho manual como um serviço de deus.
    • Cultivo dos campos, criação de gado, oficinas e trabalho artesanal.
    • Estudo e a cópia de manuscritos.
    • Isto tudo garantia a autossuficiência a toda a comunidade.

Áreas de Intervenção Cultural

  • Os mosteiros converteram-se não só em centros de poder político e económico, mas também em centros dinamizadores da economia e importantes centros culturais e artísticos.
  • As ordens monásticas também recebiam doações e prestavam tratamento a mendigos, assistência a pobres e acolhimento a peregrinos.
  • Hospedavam reis, nobres e entidades clericais em visita ou passagem.

3. Caso Prático - Canto Gregoriano

  • A mais antiga manifestação musical do Ocidente.
  • Música vocal utilizada para acompanhamento do ritual da liturgia cristã.
  • Cantochão executado por grupos corais em uníssono e em linhas de melodias vocais monofónicas.
  • Cantados sem acompanhamento instrumental, em ritmo livre e sem divisão de compasso.

4. Sínteses, Biografia e Acontecimentos

  • Guardiães do saber - Síntese:
    • A maioria da população era analfabeta
    • Com isto, a igreja cristã torna-se a mais importante autoridade e os mosteiros tornam-se verdadeiros centros culturais, autênticos guardiães do saber; • N o s m o s t e i r o s c r i a r a m - s e bibliotecas, formaram se escolas e fundaram a scriptoria.
  • Poder da escrita - Síntese:
    • A escrita e a cultura tornam-se num poder restrito a uma elite clerical.
    • As chancelarias régias foram das funções mais importantes.
  • São Bernardo - Biografia:
    • Maior impulsionador da Ordem de Cister.
    • Critica o excesso de riqueza das comunidades monásticas e rejeita qualquer ligação ao mundo profano.
    • Preconizou uma arte iconoclasta, sem frescos, imagens ou decorações escultóricas.
  • Coroação de Carlos Magno - Acontecimento:
    • Atribuição a Carlos de Magno da qualidade de herdeiro dos imperadores romanos.
    • Reconhecimento de Carlos Magno, como suprema autoridade sobre o mundo cristão.

5. A formação da arquitetura cristã

  • A arte bizantina integrou elementos gregos e orientais na cultura cristã, enquanto que os reinos cristãos herdaram a cultura tardorromana e paleocristã, transformando-a numa cultura feudal e monástica.
  • Basílica romana:
    • Serviu de referência para a criação da igreja cristã.
  • Tipologias de edifícios cristãos:
    • Batistérios.
    • Martyria.
    • Mausoléus.

6. Arquiteturas cristãs - Tópicos

  • Arquitetura paleocristã:
    • Edifício da igreja criado a partir da tipologia da basílica romana.
  • Arquitetura Bizantina:
    • Edifícios religiosos de planta central com deambulatório em torno de um espaço octogonal coroado por uma cúpula.
  • Arquitetura carolíngia:
    • Fusão da cultura latina com a tradição germânica e a plástica bizantina.

7. Arquitetura românica

  • Características:
    • Preponderância da arquitetura religiosa.
    • Planta de cruz latina com transepto saliente.
    • Organização axial do espaço com três ou cinco naves, direcionado para a cabeceira.
    • Edificios robustos, de muros maciços reforçados por contrafortes.
    • Utilização do arco de volta perfeita, abóbadas de berço e de aresta.
    • Pilares robustos, compostos por colunelos adossados.
    • Alçado da nave formado pela arcada, tribuna, trifólio e clerestório.
    • Luz interior difusa a partir de rosáceas e janelões na fachada ocidental.

Edifícios Românicos

  • Igrejas: Para a celebração dos serviços religiosos, para a guarda das relíquias dos Santos e para receber os fiéis em peregrinação.
  • Mosteiros: Eram autênticas cidades de Deus, guardando o conhecimento e a cultura.
  • Castelos: Eram as residências fortificadas dos senhores feudais e os símbolos do poder político sobre um determinado território.

Igreja Românica

  • A igreja românica é a representação de toda a criação divina sobre a Terra.
  • Apresenta ambientes austeros e obscuros.

8. Românico em Portugal

  • A instabilidade dos tempos refletiu-se nas formas sóbrias e austeras dos edifícios e nas paredes sólidas e espessas.
  • As igrejas, torres e adros murados serviam ao culto e refúgio das populações.
  • A arquitetura românica é caracterizada por igrejas rurais de linhas simples.
  • Os dois principais materiais utilizados foram o granito e o calcário.
  • Características comuns:
    • Robustez formal.
    • Emprego de pedra aparelhada.
    • O arco de volta perfeita.
    • Decorações esculpidas em relevos com função pedagógica.
    • Aplicação de cachorradas nas cornijas.

9. Escultura românica

  • A formação da arquitetura romana está ligada ao desenvolvimento da escultura monumental nos portais, nos capitéis, nas arcadas, nos claustros e nos restantes elementos arquitetónicos.

Características temáticas

  • Cristo Pantocrator (Cristo em Majestade) na mandorla mística.
  • Visões do Apocalipse e do Juízo Final.
  • Representação do tetramorfo.
  • As vidas dos santos.
  • Representação do paraíso e do inferno.
  • Temas do bestiário medieval.
  • Capitéis decorados com motivos geométricos, vegetalistas ou animais míticos.

Características formais e plásticas

  • Integração da escultura na arquitetura.
  • Importância dos baixos-relevos dos tímpanos.
  • Os portais e os claustros como roteiros da ascese.
  • A escultura como função pedagógica e doutrinal.
  • Representações estilizadas.
  • Rigidez nas posições, gestos formais, poses hieráticas e atitudes majestáticas.
  • As figuras representadas numa perspetiva hierárquica.

10. Artes da cor

  • F o i n a s c a t a c u m b a s q u e surgiram as primeiras manifestações de arte cristã.

Culturas artísticas que influenciaram a plástica bizantina

  • A técnica do mosaico romano.
  • A tradição do mosaico das culturas orientais.
  • A pintura parietal das catacumbas no período paleocristão.

Mosaico bizantino

  • Paredes revestidas por painéis de mosaicos, compostos por tesselas.
  • Figuras representadas de frente numa superfície planimétrica.
  • Valoriza-se o caráter simbólico e espiritual das composições, sugerindo um mundo místico e sobrenatural.

Pintura românica

  • Integração da pintura moral na arquitetura religiosa.
  • Objetivo da difusão da doutrina cristã.
  • Acentuação do caráter bidimensional das figuras e da composição.
  • Aplicação da cor a cheio, plana, quase sem matizados ou sombreados.

Importância da cor

  • A cor desempenhou um papel muito relevante, criando ambientes de deslumbramento nos interiores da igreja.
  • Desenvolveu programas policromáticos resplandecentes e de grande efeito plástico.
  • Cores intensas e vibrantes contribuíram para a sublimação do espaço sagrado.

Pintura paleocristã

  • Decorações parietais nos interiores das catacumbas.
  • Cenas bíblicas do Novo Testamento e de Jesus Cristo na figura do Bom Pastor.
  • Temas simbólicos e alegóricos com mensagem doutrinária explícita.

A produção de iluminura

  • Os mosteiros eram centros de atividade cultural e artística.
  • A iluminura constitui a arte da cor mais expressiva do período românico.
  • Os mosteiros assumiram o papel dos guardiães do saber.
  • Cópia de manuscritos antigos.

10. A Europa sob o signo de Alá

  • Importância da cultura islâmica como ponte entre a Antiguidade e o Ocidente:
    • A cultura islâmica herdou o legado cultural greco-romano.

Características da arte muçulmana

  • É uma arte anicónica, que nao representa figuras humanas ou animais.
  • Valoriza as artes decorativas.
  • Aplica a mesma linguagem ornamental a todo o tipo de formas, objetos ou revestimentos.
  • Inspira-se em motivos geométricos e vegetalistas.

Características da arquitetura islâmica

  • Edifício da arquitetura religiosa islâmica: a mesquita.

Arte moçárabe

  • Arte produzida por cristãos em território conquistado pelos muçulmanos.
  • Fusão da tradição tardorromana com a cultura artística muçulmana.
  • Incorporação de elementos e formas muçulmanas no sistema artístico e arquitetónico ocidental.

UNIDADE 4 - A CULTURA DA CATEDRAL

1. Contexto Histórico

  • Diversos fatores contribuíram para as alterações sociais, políticas e culturais a partir do séc. XII:
    • Contacto com o Oriente (cruzadas e peregrinações).
    • Período de paz e relativa estabilidade política.
    • Inovações técnicas na agricultura.
    • Aumento da produção, do comércio e do artesanato.
    • Aumento demográfico.
    • Melhoria das condições de vida das populações.
    • Nascimento de uma economia de mercado.
      • Acumulação de riqueza por parte de produtores, comerciantes e banqueiros.
      • Nova elite social: a burguesia.
  • Nos finais do séc. XIV, novas alterações climáticas, quebras de produção agrícola, alastramento da fome, crescimento urbano desordenado e doenças provocaram uma crise generalizada.
  • A igreja cristã refletiu este panorama de crise, deparando-se com o Grande Cisma do Ocidente.

2. Catedral: representação do divino no espaço

  • As catedrais são o resultado do esforço das populações locais.
  • A catedral é a afirma