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Resumo história: As transformações económicas na Europa e no mundo; A sociedade industrial e urbana; Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo; Portugal, uma sociedade capitalista periférica

As transformações económicas na Europa e no mundo

O mercado internacional e a divisão do trabalho

  • Séc XIX- enorme crescimento do comércio mundial- crescimento acelerado.
  • Aumenta a variedade e o volume das mercadorias trocadas.
  • Aumenta o número de países e regiões envolvidas nas trocas, mas a Europa (Inglaterra, França, Alemanha) e os EUA dominavam a produção e o comércio mundial, que moldaram de acordo com a sua vontade e os seus interesses. Baseiam esta supremacia económica no avanço tecnológico e industrial e no domínio de extensos territórios.
  • Capitalismo industrial: Tipo de capitalismo que se caracteriza por um investimento na indústria, pela formação de grandes empresas e novas formas de organização do trabalho. O capitalismo industrial assenta numa clara divisão entre os detentores do capital e o trabalho, representado pela mão de obra assalariada.
  • Estrutura das trocas:
  • Países industrializados (fábricas do mundo- Inglaterra, França, Alemanha, EUA)

↳ exportam: produtos industriais (bens de consumo e de equipamento); capitais que são investidos noutros países; serviços.

  • Países menos industrializados/ não industrializados (Países da Europa de Leste e Sul; América do Sul e Colónias dos países europeus):

↳ exportam: matérias-primas e produtos agrícolas;

↳ eram extensos mercados de consumo, capazes de absorver os excedentes industriais.

  • É um sistema de trocas injusto e desigual porque o valor das exportações dos países industrializados é muito superior ao valor das exportações de matérias-primas e produtos agrícolas dos países menos industrializados.
  • Este sistema de trocas foi favorecido pelos progressos das comunicações (diminuição do custo).
  • As trocas mundializaram-se a um ritmo impressionante, devido ao crescimento industrial, à facilidade de transporte e à adoção do livre-cambismo.
  • A estrutura de trocas condiciona a divisão internacional do trabalho.
  • Países industrializados- trabalho ligado ao setor secundário e terciário.
  • Países não industrializados- trabalho no setor primário (agricultura, silvicultura, exploração mineira)

salários mais baixos; menor poder de compra

entrave no desenvolvimento industrial destes países (não há poder de compra que estimule o desenvolvimento industrial)

A sociedade industrial e urbana

A explosão populacional: os motivos

  • Explosão demográfica: Aceleração do crescimento da população mundial que, no século XIX, quase duplicou.
  • O fenómeno, particularmente forte na Europa, ficou a dever-se:
  • à redução drástica da mortalidade e aumento da esperança de vida:

↳ melhoria da alimentação;

↳ aumento da produção agrícola;

↳ progresso dos transportes.

abundância de géneros alimentares

↳ progressos na higiene pública e privada;

↳ iniciativas do governo:

↳ preocupados em reduzir os níveis de insalubridade dos centros urbanos, propícios à propagação de doenças;

↳ exposições públicas;

↳ criação de hospitais, construção de redes de saneamento e de abastecimento de água potável.

↳ avanços na medicina.

↳ descobertas sobre a propagação de doenças;

↳ vacinação contra a varíola, tifo, cólera, raiva e difteria;

↳ novas técnicas médicas: termómetro, estetoscópio, raio x;

↳ operações com anestesia;

↳ vulgarizaram-se práticas de desinfeção e antissepsia hospitalar.

  • a natalidade, manteve-se alta até cerca de 1870, altura em que se inicia o seu declínio.

A explosão populacional: o crescimento das cidades

  • A explosão demográfica foi acompanhada da expansão urbana. As cidades crescem nos países industrializados.
  • Ao crescimento natural junta-se o êxodo rural, muito comum na Europa a partir de 1850. O desemprego devido à maquinização agrícola e pelo fim das pequenas oficinas, levou famílias inteiras à cidade, atraídas pelo emprego e melhores salários nas fábricas, …
  • A imigração foi outro fator de crescimento urbano, proveniente de vários lugares. Procurava-se além de emprego, a promoção, romper barreiras sociais e ser bem-sucedido profissional, social e pessoalmente.
  • O crescimento das cidades levou o governo a implementar grandes trabalhos urbanísticos (renovaram-se os centros, abriram-se amplas ruas, construíram-se novos edifícios, instalaram-se sistemas de iluminação, …)

A explosão populacional: a emigração

  • Motivos políticos e econômicos para a imigração nos EUA:
  • melhoramento dos transportes;
  • melhores condições de vida;
  • sistema democrático dos EUA;
  • a liberdade, abundância de terras e facilidade de trabalho dos EUA
  • incentivo à emigração dos países de origem;
  • perseguições políticas e religiosas.
  • Consequências da emigração
  • alivia a pressão demográfica e o desemprego nos países de origem;
  • contribui para o desenvolvimento e o dinamismo económico dos países de destino.

Uma sociedade de classes

  • Uma sociedade de classes- Tipo de sociedade do mundo ocidental desde o século XIX.. A diversidade social baseia-se no estatuto económico, gerador de diferentes classes sociais:
  • Burguesia (detentora dos meios produtivos e de outros bens próprios- grupo muito heterogéneo):

↳ alta burguesia;

↳ classes médias.

  • operariado (não possuem mais nada para além da sua força de trabalho).
  • Igualdade de todos perante a lei (fim da sociedade de ordens e dos privilégios baseados no nascimento).
  • Grande mobilidade, mais flexível e dinâmica.
  • O poder económico, a situação profissional e o grau de instrução determinam a categoria social (o êxito de cada um dependeria do seu trabalho).
  • Duas grandes classes sociais: a burguesia e o operário (proletariado).
  • Predomínio económico, social e político da alta burguesia.
  • A educação, o seu caráter, a disciplina e o seu trabalho podem ajudar a ascender socialmente.

Burguesia

  • Grande mobilidade social.
  • Heterogeneidade de situações económicas, profissionais, e sócio-culturais.
  • Alta burguesia- empresarial e financeira.
  • Classes médias.

A alta burguesia empresarial e financeira

  • Composta por grandes proprietários, empresários industriais, banqueiros e gestores das grandes companhias industriais.
  • Tinha grande poder económico provinha do controlo dos meios de produção e das grandes fontes de riqueza. Este poder económico era perpetuado na família.
  • Nos Estados Unidos tínhamos os self-made men, que era uma expressão americana para qualificar um indivíduo que obteve um rápido sucesso graças ao seu próprio mérito e trabalho, exemplo de John Rockefeller, alimentam o sonho capitalista americano. Na Alemanha os Siemens e os Krupp, socialmente próximos da aristocracia, manteve-se sempre próxima do poder político. Em França às antigas finanças industriais junta-se a burguesia de níveis setores industriais como André Citroen, Louis Renault e o self-made man Jean Pierre Peugeot. Já na Itália, ligada aos setores do automóvel e da eletricidade, tínhamos os Pirelli.
  • Também tinham poder político. Muitos burgueses eram também deputados, ministros, ou até presidentes. Criavam também grupos que influenciavam decisões políticas, para que estas favorecessem os seus interesses (atenuar carga fiscal, impedir o sucesso das reivindicações operárias).
  • Assegura também o poder social e cultural- os seus filhos tinham beneficiado de um sistema de ensino elitista; lançam modas; difundem os seus valores e influenciam a opinião pública.

Comportamentos e valores da burguesia

  • Tinha um prestígio social semelhante ao da velha aristocracia, cujo estilo de vida procura imitar.
  • Investiram na compra de grandes propriedades para onde iam durante uma parte do ano.
  • Viviam uma vida confortável e luxuosa na cidade. No verão vão para zonas balneares que se tornaram muito procuradas pela alta burguesia.
  • Houve uma fusão da alta burguesia com a antiga aristocracia, através do casamento ou do reconhecimento das funções ou serviços prestados ao estado. Houve o enobrecimento da alta burguesia.
  • A alta burguesia foi-se assumindo como um grupo autónomo. A alta burguesia tinha noção que o seu êxito vinha do trabalho, da perseverança, da poupança e da prudência. A estas virtudes burguesas junta-se a importância do estudo, da disciplina moral (respeito, honestidade, solidariedade) e da família, que era moralmente conservadora.
  • A alta burguesia praticava, muitas vezes, a filantropia (doar dinheiro a instituições, associações, fundações, universidades, …)

A proliferação do terciário e o incremento das classes médias

  • Maior mobilidade tanto para ascender como para descer.
  • Grupo muito heterogéneo de indivíduos (enorme diversidade de situações sócio-económicas).
  • Não vivem do trabalho manual, mas também não possuem os grandes meios de produção.
  • Provinham muitas vezes das classes populares.
  • Compostas por pequenos industriais, proprietários de terras ou outros imóveis, que têm um rendimento confortável.
  • Enorme crescimento das classes médias ao longo do século XIX, devido ao desenvolvimento do setor terciário (lojistas, empregados de escritório, telegrafistas, técnicos superiores, profissionais liberais, professores e profissões ligadas ao comércio e aos serviços conheceram um crescimento).
  • O ramo dos empregados de escritório (colarinhos brancos) regista uma taxa de crescimento mais significativa. Quanto às profissões liberais, pouco cresceram em, mas desde 1870-1880, valorizaram-se, pois o saber científico conferia-lhes autoridade e estatuto. Têm ainda vantagens materiais. Por isso, muitos dos seus elementos ascendiam socialmente.
  • Os professores foram uma profissão de sucesso no final do século XIX. Vindos do campo, ilustravam a mobilidade social. Embora o seu ordenado fosse modesto, a verdade é que o seu saber garantia consideração social.
  • Importância das classes médias:
  • económica- têm poder de compra
  • política:

↳ são votantes;

↳ são instruídos;

↳ constituem a maioria da opinião pública- os políticos têm de ouvir estas classes

  • colarinho branco- funcionários de escritório- têm um trabalho limpo, com consideração social, requer instrução; ocupam-se da correspondência, da contabilidade, e da movimentação de uma série de documentos; os seus vencimentos parecerem insuficientes, a verdade é que o seu grau de instrução, as suas maneiras distinguiam-nos do mundo do trabalho manual.
  • profissões liberais- profissões exercidas por conta própria, cujos os membros dependem de uma ordem, isto é, de um organismo profissional que lhe impõem regras.

O conservadorismo das classes médias

  • O mérito de cada um é a chave de uma vida digna e de ascensão social.
  • Tinham um gosto pelo trabalho e pelo estudo, e um sentido de responsabilidade.
  • Geriam com cuidado o seu património, contendo-se nos gastos, o que lhes dava estabilidade financeira e até alguns luxos como uma boa casa ou boa educação.
  • Muito conservadores, valorizavam o estatuto de cada um.
  • Respeito pela hierarquia, pelas regras, pela respeitabilidade e pela decência.
  • O seu quotidiano dividia-se entre o trabalho e a família, à qual impunham uma moral rígida. (é mal visto o divórcio e relações extraconjugais).
  • Modéstia; regularidade dos hábitos de vida; vigilância dos cerimoniais sociais e religiosos; cumprimento das regras de educação e de cortesia; compostura; cuidado no vestir, agir e falar; respeito pelo chefe de família e pelas virtudes domésticas- comportamento das classes médias.
  • Consciência de classe- Perceção explícita de pertença a uma classe social específica, por parte de indivíduos ou grupos. Implica a solidariedade para com os elementos da mesma classe e o distanciamento relativamente às outras classes sociais.

A condição operária: condições de trabalho

  • Proletariado- Segundo a terminologia marxista, significa a classe operária que, sem meios de produção (a não ser os seus filhos, a sua prole), vende a sua força de trabalho (manual) em troca de um salário. O termo proletário remonta à Roma Antiga, abrangendo os cidadãos de inferior categoria, isentos de impostos, cuja única função social era a de gerar filhos.
  • Constituíram uma mão de obra barata, disponível e pouco exigente, sujeita à exploração.
  • Condições de trabalho duríssimas:
  • o dia de trabalho começava cedo e terminava muito tarde;
  • trabalham 6/7 dias por semana, 12 a 16 horas por dia, sem férias, feriados, e muitas vezes sem descanso semanal;
  • horários rígidos com curtas pausas para as refeições e com vigilância apertada;
  • locais de trabalho inóspitos (sem condições de saúde ou segurança- quentes no verão, gelados no inverno; ruidosos, sem arejamento, mal iluminados e sem instalações sanitárias)- os acidentes aconteciam com frequência- consequência do cansaço, da falta de supervisão das máquinas, das inundações, dos desabamentos ou das explosões;
  • salários muito baixos e à mercê dos interesses do dono da fábrica- em tempos de propriedade, a procura aumentava e os salários podiam subir um pouco, na altura das crises cíclicas, os salários baixavam e o desemprego era inevitável;
  • os salários das mulheres eram ainda mais baixos, por serem mais ágeis a obedientes realizavam os mesmo trabalhos que os homens mas por um preço mais baixo.
  • as crianças começavam a trabalhar aos 4/5 anos, e eram muito procuradas pela sua pequena estatura e agilidade (por exemplo limpar bobinas entupidas, recolocar os fios partidos dos teares, ou empurrando pesadas vagonetas carregadas de carvão e de outros minerais pelas estreitas galerias.

A condição operária: condições de vida

  • Vivem em miséria (quando viviam nos campos os vizinhos ajudavam em caso de necessidade).
  • Viviam em casas sem condições básicas de saúde e segurança.
  • Os bairros operários que foram crescendo junto das fábricas e das minas não tinham boas condições de salubridade Nas ruas os detritos acumulavam-se permitindo a propagação de doenças.
  • Ausência de proteção social e de laços de solidariedade agravavam a solidão e a desilusão, muitas vezes abafados com o alcoolismo. A pobreza fez aumentar a mendicidade, a prostituição, a deliquência e a criminalidade.

Associativismo e sindicalismo

  • Movimento operário- Conjunto de ações levadas a cabo pelos trabalhadores assalariados, para a concretização das suas reivindicações. Associações de socorros mútuos, cooperativas, sindicatos, greves, manifestações, foi como se traduziu o movimento operário, empenhado não só na melhoria das condições económicas e sociais, mas também na obtenção de direitos políticos.
  • Desde cedo os operários reagiam às duras condições de vida e de trabalho:
  • inicialmente com a falta de organização, os operários empreendem lutas violentas, condenadas ao fracasso;
  • o ludismo- destruição de fábricas, máquinas e residenciais industriais;
  • dura repressão sobre os operários (só causava caos).
  • Associativismo (criação de sociedades fraternas):
  • Associações de socorros mútuos através das quotas dos associados, acudiam em casos de necessidade (doença, velhice, funeral, …).
  • Sindicalismo- futuro do movimento operário:
  • Vertente do movimento laboral que se organiza através dos sindicatos, associações de trabalhadores que exercem a mesma profissão, para defender os seus interesses profissionais.
  • As primeiras formas de sindicatos aparecem na Inglaterra em finais do século XVIII- Trade Unions;
  • O movimento sindical foi abrangendo outros países da Europa ao longo do século XIX;
  • Formas de luta mais comum são as greves (lutas grevistas), que pretendiam:

↳ dia de trabalho de 8 horas;

↳ melhores salários;

↳ direito ao descanso semanal;

↳ indemnização em caso de acidente.

  • A legalização dos sindicatos na 2ª metade do século XIX e a influência das ideias socialistas e anarquistas vão dar força ao movimento sindical.

As propostas socialistas

  • Socialismo- Teoria, doutrina ou prática social que defende a supressão das diferenças entre as classes sociais, mediante a apropriação pública dos meios de produção e a sua distribuição mais equitativa.
  • Os problemas sociais surgidos com a industrialização fazem nascer correntes de opinião que denunciam a exploração capitalista- são as propostas socialistas.
  • Objetivos:
  • denunciar os excessos da exploração capitalista;
  • erradicação da miséria operária;
  • procura de uma sociedade mais justa e igualitária.
  • Diferentes propostas:
  • Socialismo utópico;
  • Socialismo científico/ marxismo.

O socialismo utópico

  • (utópico- perfeito que não pode ser atingido);
  • Defende uma transformação da sociedade através de meios pacíficos (criação de cooperativas de produção e de consumo, a entrega dos assuntos do governo a um grupo de homens que proporcionassem uma maior justiça social).
  • Saint-Simon; Charles Fourier; Louis Blanc; Robert Owen- alguns desses pensadores
  • Proudhon (o mais ousado):
  • abolição da propriedade privada;
  • criação de associações mútuas onde todos trabalhamos em conjunto e colocariam em comum os frutos do seu trabalho;
  • criação de uma sociedade igualitária e a melhoria das condições sociais sem luta de classes, onde o Estado seria desnecessário.
  • Propostas irrealizáveis ou condenadas ao fracasso.

O marxismo

  • Objetivo: sociedade sem classes- comunismo (todos são iguais, tudo é comum).
  • Karl Marx e F. Engels redigiram o Manifesto do Partido Comunista em 1848, fazendo surgir o marxismo.
  • Começaram por fazer uma análise rigorosa da história da sociedade e encontraram uma sucessão de modos de produção (esclavagismo- feudalismo- capitalismo), e também, que sempre houveram oprimidos e opressores.
  • O que levava a estas sucessões era a resistência dos oprimidos, ou seja, a luta de classes.
  • A luta de classes sempre existiu e era considerada o motor da história/ transforma a sociedade.
  • explicou a luta de classes pelas condições materiais- daí o marxismo, enquanto teoria da História, é chamado de materialismo histórico.
  • Considerava-se que o modo de produção capitalista assentava na exploração do trabalho operário (mais-valia do trabalho operário → o salário do operário não corresponde ao valor do seu trabalho, mas apenas ao valor de bens que ele necessita para sobreviver), logo a luta de classes era inevitável e levaria ao fim do capitalismo.
  • Propõem um conjunto de etapas para atingir o objetivo:
  • (através de revoluções, com o uso da força e da violência- via revolucionária
  • através de sindicatos que ajudem a criação de partidos socialistas, comunistas e operários- via democrática)
  • O proletariado devia unir-se (organizado em sindicatos e partidos políticos) e devia lutar para alcançar o poder político (recorrendo à via revolucionária se necessário) e exercer a ditadura do proletariado (período em que o proletariado estaria à frente do governo). Retiraria o capital da burguesia, havendo uma nacionalização/ coletivização dos seus bens. A ditadura seria uma etapa necessária para a construção rápida de uma sociedade sem classes (o Estado só poderia desaparecer depois).
  • Os problemas do proletariado são os mesmos em todos os países, e por isso devia haver uma união, de forma a reforçar a sua força.
  • O Marxismo apelou, assim, ao internacionalismo operário. Surgem as internacionais operárias.

As Internacionais operárias

  • 1864- nasce a I Internacional Operária:
  • Organização que coordenava os sindicatos de vários países (para que se fizessem grandes manifestações grevistas);
  • os seus ideais partiam da ideia de que a libertação do proletariado dependeria deles mesmos;
  • Contribui para a legalização dos sindicatos;
  • Ajuda na criação de partidos que ajudassem a colocar fim à era do capitalismo e a sociedade de classes;
  • Termina em 1876, devido a haverem ideias diferentes, surgem os anarquistas liderados por Bakunin (defendiam o fim imediato do Estado, consideravam a ditadura do proletariado e a supremacia do Estado uma negação da liberdade), acusam Marx de ser autoritário e de apelar à violência, o que vai criar divisões dentro da internacional.
  • 1889 a 1914- II Internacional Operária
  • os anarquistas foram afastados;
  • desentendimentos entre os marxistas e o revisionistas.
  • Revisionismo, defendido por Bernstein:
  • Tem propostas socialistas- querem melhorar a sociedade;
  • Afirma que não tem de haver constante luta de classes- a prova disso é o que aconteceu na Alemanha no final do século XIX, onde os partidos socialistas conseguiram melhorar as condições do proletariado;
  • Defende a via mais pacífica- o papel da atuação parlamentar e sindical;
  • Defende uma evolução pacífica, gradual e reformista do capitalismo para o socialismo, substituindo a luta de classes e a ditadura do proletariado por um entendimento entre burgueses e operários.
  • A II Internacional termina devido à I Guerra Mundial.

Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo

As transformações políticas: a evolução democrática do sistema representativo; os excluídos da democracia representativa

  • Demoliberalismo- sistema político em vigência no mundo ocidental, desde as últimas décadas do século XIX. Confere grande valor à representação da Nação, alargando o sufrágio e reforçando o poder dos Parlamentos.
  • Sufrágio “universal"- direito de todos os cidadãos, sem distinção de sexo, raça, fortuna ou instrução, votarem em eleições para a escolha dos representantes políticos. É “universal” pois apesar de ser uma grande mudança, mulheres, negros, e analfabetos não votavam.

A submissão das nacionalidades

  • Nacionalismo- sentimento de pertencimento de um povo a uma comunidade dotada de língua, religião, tradições culturais e passado histórico comuns. Identificado com o patriotismo, o nacionalismo tanto justifica o direito dos povos à auto governação como pode fundamentar uma política belicista de conquistas territoriais e de racismo para com as minorias.

Imperialismo e colonialismo

  • Imperialismo- Domínio que um Estado exerce sobre outros Estados ou outras nações, alargando o seu poder e influência. Este domínio pode revestir-se de um cariz político, militar, económico ou cultural. A forma mais completa de imperialismo é o colonialismo.
  • Colonialismo- Domínio que um Estado exerce sobre outros territórios, geralmente longínquos (as colónias), que se veem privados de autonomia. É uma forma de imperialismo completa, já que se exerce a nível político (territórios não independentes), económico (exploração dos recursos das colónias e sua subordinação aos interesses do país colonizador) e culturais (valorização da cultura do colonizador).

Portugal, uma sociedade capitalista periférica

A regeneração: uma nova etapa política

  • 1851- golpe de estado, feito pelo Marechal-duque de Saldanha, que inicia e Regeneração.
  • Nova etapa política, que corresponde a um período de estabilidade e desenvolvimento económico.
  • Há uma pacificação do país.
  • 1852- Ato Adicional à Carta- revisão da Carta Constitucional de 1826:
  • Alargamento do sufrágio;
  • Eleições diretas para a Câmara dos Deputados;
  • Estabelece-se o rotativismo partidário- vai conciliar as diferentes fações do liberalismo e harmonizar os interesses da alta burguesia com os da pequena e média burguesia.
  • Empreendem-se diversas reformas económicas com vista ao desenvolvimento de todo o país.

O desenvolvimento de infraestruturas: transportes e comunicações

  • Na 1ª metade do século XIX o transporte era caro e difícil de fazer (assegurado por animais). As estradas continuavam danificadas desde as revoluções francesas.
  • Em 1852, foi criado o ministério das obras públicas, comércio e indústria, liderado por Fontes Pereira de Melo, com o objetivo de renovar as infraestruturas nacionais (fontismo- período de governação de Fontes Pereira de Melo). Fontes Pereira de Melo considerava que tinha de alargar o mercado interno e as comunicações com o exterior (tinha de se facilitar a circulação de pessoas, bens e capitais de modo a impulsionar a economia nacional).
  • Construção e reparação de estradas.
  • Inauguração e desenvolvimento dos caminhos de ferro (inauguração do 1º troço de caminho de ferro- 1856).
  • Construção de pontes, viadutos, túneis, caminhos de ferro…
  • Símbolo de progresso a inauguração destas infraestruturas eram aplaudidas e apreciadas.
  • Construção e melhoramento de portos (melhoramento do de Lisboa e construção do porto de Leixões)- facilita o comércio com as colónias e os mercados internacionais.
  • Melhoramento dos correios:
  • através do caminho de ferro (as cartas passam a ser transportadas por comboio);
  • uso do selo adesivo- simplificou o pagamento.
  • 1856- inaugurada a rede oficial de telegrafia elétrica. A instalação do telégrafo fez parte de um sistema complementar de comunicações muito importante para os transportes ferroviários.
  • Este dinamismo fez-se sentir mais nas grandes cidades, onde também se inauguraram modernos transportes urbanos e as primeiras linhas telefónicas.
  • Final do século XIX- automóvel.

A criação de um mercado nacional e o desenvolvimento das atividades produtivas: O mercado unificado

  • A política económica de Regeneração assentou no livre-cambismo (liberdade de comércio):
  • Pauta Alfandegária de 1852 (conjunto de medidas que regula a saída e entrada de mercadorias):

↳ liberalizar o comércio;

↳ redução das taxas alfandegárias para diminuição do custo de matérias-primas importadas.

  • Uniformização do sistema de pesos e medidas- sistema métrico decimal.
  • A pauta alfandegária e a uniformização do sistema de pesos e medidas, juntamente com o desenvolvimento dos transportes, permitiu a criação de um mercado nacional unificado, que estimulou a produção e o comércio.
  • O mercado unificado e a pauta livre-cambista ajudaram na dinamização da agricultura e da indústria.
  • O fontismo visava, também, o alargamento das relações internacionais e o fomento do comércio externo.

A expansão da agricultura

  • Modernização e fomento da agricultura:
  • libertação da terra dos direitos feudais;
  • difundiu as associações agrícolas;
  • promoveu a organização de exposições e concursos.
  • extinção definitiva dos morgadios;
  • abolição dos baldios e dos pastos comuns;
  • fizeram-se arroteamentos.

alargamento da área cultivada

aproveitamento mais intensivo dos solos

  • o milho, trigo e a vinha foram os que mais beneficiaram destes arroteamentos;
  • introdução de novas culturas: batata (um pouco por todo o país) e arroz (Vouga, Mondego, Tejo e Sado);
  • difusão da utilização de adubos químicos e de máquinas agrícolas de forma lenta e irregular, pois apenas os grandes agricultores com grandes terras é que tinham condições para adotar estas inovações.
  • França e Inglaterra recebiam a maioria das produções portuguesas: vinhos, gado vivo, casulos de seda, cortiça, laranjas e frutos secos.
  • Instituição do ensino agrário (a ausência de um ensino para os setores, agrícola, industrial e comercial era um dos fatores mais penalizadoras do desenvolvimento económico).

Os progressos na industrialização

  • Criação do ensino industrial;
  • Em Lisboa e no Porto;
  • objetivo: atrair operários com conhecimentos limitados e fazer deles profissionais habilitados.
  • Fundação de associações/ sociedades;
  • divulgavam novos processos e mecanismo de fabrico;
  • organização de exposições.
  • Organização de exposições de produtos de novas indústrias;
  • contribuíram para a atualização tecnológica;
  • favoreciam os contactos e os negócios internacionais.
  • Produziu-se nova legislação;
  • novo quadro jurídico para as sociedades anónimas portuguesas e estrangeiras, de modo a incentivar o investimento de capitais.
  • Iniciou-se a estatística industrial.
  • O aperfeiçoamento tecnológico pode atribuir-se ao aumento da importação de máquinas industriais e do número de registos de patentes de invenção, assim como da crescente utilização do vapor como energia e a diversificação dos ramos industriais (indústrias têxtil, metalúrgica, da cerâmica, do vidro, do tabaco, do papel, da moagem, dos fósforos, da cortiça e das conservas de peixe).

Portugal no contexto europeu- os limites do crescimento económico: Uma descolagem tardia

  • A industrialização portuguesa, impulsionada pelos governos da Regeneração, fez-se muito tardiamente, e por isso o país teve dificuldades em recuperar o tempo perdido e em superar o atraso económico em que se encontrava
  • Portugal sofreu a concorrência das grandes potências industriais, que a política livre-cambista favoreceu. O país debateu-se também com a insuficiência de matérias-primas (algodão, ferro) e do carvão, que alimenta máquinas a vapor e altos-fornos.
  • A industrialização do país fez-se de forma lenta. Em 1890, muito pouca população trabalhava no setor secundário ou em fábricas. O número de grandes empresas era reduzido, predominando uma variedade de pequenas fábricas e oficinas que funcionavam no interior das simples casas de habitação. Pouca produção podia ser exportada, o que comprova a fraca competitividade internacional da indústria portuguesa.
  • Na agricultura, a aplicação das inovações tecnológicas foi lenta e desigual. A mecanização foi sobretudo visível nas lezírias ribatejanas e nas planícies do Alentejo; no Norte do país, a morfologia do terreno, mais acidentado, e o predomínio do minifúndio constituíram obstáculos à mecanização. Também a falta de instrução e os poucos recursos da maioria dos agricultores limitaram o investimento na modernização dos processos produtivos.

Portugal no contexto europeu- os limites do crescimento económico: A dependência de capitais estrangeiros

  • O modelo económico regenerador baseava-se no pressuposto de que desenvolvendo as comunicações, se fomentaria a prosperidade comercial, e isso, estimularia o desenvolvimento da produção agrícola e industrial e o aumento do consumo, permitindo uma maior cobrança de impostos. Estes impostos cobririam as somas despendidas pelo Estado na modernização do país. Isto não aconteceu, o desenvolvimento económico não atingiu o ritmo esperado e as despesas do Estado cresceram muito mais do que as receitas.
  • O recurso ao financiamento externo agrava o défice das finanças públicas. Face à impossibilidade de aumento dos impostos, restava o recurso a novos empréstimos.
  • Para além de financiarem o Estado, os capitalistas estrangeiros investiram também em empresas privadas. Favorecidos pela política livre-cambista, os investimentos externos fizeram-se diversas companhias (telégrafos e telefones, de fornecimento de gás, de transportes urbanos). Portugal tem uma excessiva dependência face ao capital estrangeiro.
MB

Resumo história: As transformações económicas na Europa e no mundo; A sociedade industrial e urbana; Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo; Portugal, uma sociedade capitalista periférica

As transformações económicas na Europa e no mundo

O mercado internacional e a divisão do trabalho

  • Séc XIX- enorme crescimento do comércio mundial- crescimento acelerado.
  • Aumenta a variedade e o volume das mercadorias trocadas.
  • Aumenta o número de países e regiões envolvidas nas trocas, mas a Europa (Inglaterra, França, Alemanha) e os EUA dominavam a produção e o comércio mundial, que moldaram de acordo com a sua vontade e os seus interesses. Baseiam esta supremacia económica no avanço tecnológico e industrial e no domínio de extensos territórios.
  • Capitalismo industrial: Tipo de capitalismo que se caracteriza por um investimento na indústria, pela formação de grandes empresas e novas formas de organização do trabalho. O capitalismo industrial assenta numa clara divisão entre os detentores do capital e o trabalho, representado pela mão de obra assalariada.
  • Estrutura das trocas:
  • Países industrializados (fábricas do mundo- Inglaterra, França, Alemanha, EUA)

↳ exportam: produtos industriais (bens de consumo e de equipamento); capitais que são investidos noutros países; serviços.

  • Países menos industrializados/ não industrializados (Países da Europa de Leste e Sul; América do Sul e Colónias dos países europeus):

↳ exportam: matérias-primas e produtos agrícolas;

↳ eram extensos mercados de consumo, capazes de absorver os excedentes industriais.

  • É um sistema de trocas injusto e desigual porque o valor das exportações dos países industrializados é muito superior ao valor das exportações de matérias-primas e produtos agrícolas dos países menos industrializados.
  • Este sistema de trocas foi favorecido pelos progressos das comunicações (diminuição do custo).
  • As trocas mundializaram-se a um ritmo impressionante, devido ao crescimento industrial, à facilidade de transporte e à adoção do livre-cambismo.
  • A estrutura de trocas condiciona a divisão internacional do trabalho.
  • Países industrializados- trabalho ligado ao setor secundário e terciário.
  • Países não industrializados- trabalho no setor primário (agricultura, silvicultura, exploração mineira)

salários mais baixos; menor poder de compra

entrave no desenvolvimento industrial destes países (não há poder de compra que estimule o desenvolvimento industrial)

A sociedade industrial e urbana

A explosão populacional: os motivos

  • Explosão demográfica: Aceleração do crescimento da população mundial que, no século XIX, quase duplicou.
  • O fenómeno, particularmente forte na Europa, ficou a dever-se:
  • à redução drástica da mortalidade e aumento da esperança de vida:

↳ melhoria da alimentação;

↳ aumento da produção agrícola;

↳ progresso dos transportes.

abundância de géneros alimentares

↳ progressos na higiene pública e privada;

↳ iniciativas do governo:

↳ preocupados em reduzir os níveis de insalubridade dos centros urbanos, propícios à propagação de doenças;

↳ exposições públicas;

↳ criação de hospitais, construção de redes de saneamento e de abastecimento de água potável.

↳ avanços na medicina.

↳ descobertas sobre a propagação de doenças;

↳ vacinação contra a varíola, tifo, cólera, raiva e difteria;

↳ novas técnicas médicas: termómetro, estetoscópio, raio x;

↳ operações com anestesia;

↳ vulgarizaram-se práticas de desinfeção e antissepsia hospitalar.

  • a natalidade, manteve-se alta até cerca de 1870, altura em que se inicia o seu declínio.

A explosão populacional: o crescimento das cidades

  • A explosão demográfica foi acompanhada da expansão urbana. As cidades crescem nos países industrializados.
  • Ao crescimento natural junta-se o êxodo rural, muito comum na Europa a partir de 1850. O desemprego devido à maquinização agrícola e pelo fim das pequenas oficinas, levou famílias inteiras à cidade, atraídas pelo emprego e melhores salários nas fábricas, …
  • A imigração foi outro fator de crescimento urbano, proveniente de vários lugares. Procurava-se além de emprego, a promoção, romper barreiras sociais e ser bem-sucedido profissional, social e pessoalmente.
  • O crescimento das cidades levou o governo a implementar grandes trabalhos urbanísticos (renovaram-se os centros, abriram-se amplas ruas, construíram-se novos edifícios, instalaram-se sistemas de iluminação, …)

A explosão populacional: a emigração

  • Motivos políticos e econômicos para a imigração nos EUA:
  • melhoramento dos transportes;
  • melhores condições de vida;
  • sistema democrático dos EUA;
  • a liberdade, abundância de terras e facilidade de trabalho dos EUA
  • incentivo à emigração dos países de origem;
  • perseguições políticas e religiosas.
  • Consequências da emigração
  • alivia a pressão demográfica e o desemprego nos países de origem;
  • contribui para o desenvolvimento e o dinamismo económico dos países de destino.

Uma sociedade de classes

  • Uma sociedade de classes- Tipo de sociedade do mundo ocidental desde o século XIX.. A diversidade social baseia-se no estatuto económico, gerador de diferentes classes sociais:
  • Burguesia (detentora dos meios produtivos e de outros bens próprios- grupo muito heterogéneo):

↳ alta burguesia;

↳ classes médias.

  • operariado (não possuem mais nada para além da sua força de trabalho).
  • Igualdade de todos perante a lei (fim da sociedade de ordens e dos privilégios baseados no nascimento).
  • Grande mobilidade, mais flexível e dinâmica.
  • O poder económico, a situação profissional e o grau de instrução determinam a categoria social (o êxito de cada um dependeria do seu trabalho).
  • Duas grandes classes sociais: a burguesia e o operário (proletariado).
  • Predomínio económico, social e político da alta burguesia.
  • A educação, o seu caráter, a disciplina e o seu trabalho podem ajudar a ascender socialmente.

Burguesia

  • Grande mobilidade social.
  • Heterogeneidade de situações económicas, profissionais, e sócio-culturais.
  • Alta burguesia- empresarial e financeira.
  • Classes médias.

A alta burguesia empresarial e financeira

  • Composta por grandes proprietários, empresários industriais, banqueiros e gestores das grandes companhias industriais.
  • Tinha grande poder económico provinha do controlo dos meios de produção e das grandes fontes de riqueza. Este poder económico era perpetuado na família.
  • Nos Estados Unidos tínhamos os self-made men, que era uma expressão americana para qualificar um indivíduo que obteve um rápido sucesso graças ao seu próprio mérito e trabalho, exemplo de John Rockefeller, alimentam o sonho capitalista americano. Na Alemanha os Siemens e os Krupp, socialmente próximos da aristocracia, manteve-se sempre próxima do poder político. Em França às antigas finanças industriais junta-se a burguesia de níveis setores industriais como André Citroen, Louis Renault e o self-made man Jean Pierre Peugeot. Já na Itália, ligada aos setores do automóvel e da eletricidade, tínhamos os Pirelli.
  • Também tinham poder político. Muitos burgueses eram também deputados, ministros, ou até presidentes. Criavam também grupos que influenciavam decisões políticas, para que estas favorecessem os seus interesses (atenuar carga fiscal, impedir o sucesso das reivindicações operárias).
  • Assegura também o poder social e cultural- os seus filhos tinham beneficiado de um sistema de ensino elitista; lançam modas; difundem os seus valores e influenciam a opinião pública.

Comportamentos e valores da burguesia

  • Tinha um prestígio social semelhante ao da velha aristocracia, cujo estilo de vida procura imitar.
  • Investiram na compra de grandes propriedades para onde iam durante uma parte do ano.
  • Viviam uma vida confortável e luxuosa na cidade. No verão vão para zonas balneares que se tornaram muito procuradas pela alta burguesia.
  • Houve uma fusão da alta burguesia com a antiga aristocracia, através do casamento ou do reconhecimento das funções ou serviços prestados ao estado. Houve o enobrecimento da alta burguesia.
  • A alta burguesia foi-se assumindo como um grupo autónomo. A alta burguesia tinha noção que o seu êxito vinha do trabalho, da perseverança, da poupança e da prudência. A estas virtudes burguesas junta-se a importância do estudo, da disciplina moral (respeito, honestidade, solidariedade) e da família, que era moralmente conservadora.
  • A alta burguesia praticava, muitas vezes, a filantropia (doar dinheiro a instituições, associações, fundações, universidades, …)

A proliferação do terciário e o incremento das classes médias

  • Maior mobilidade tanto para ascender como para descer.
  • Grupo muito heterogéneo de indivíduos (enorme diversidade de situações sócio-económicas).
  • Não vivem do trabalho manual, mas também não possuem os grandes meios de produção.
  • Provinham muitas vezes das classes populares.
  • Compostas por pequenos industriais, proprietários de terras ou outros imóveis, que têm um rendimento confortável.
  • Enorme crescimento das classes médias ao longo do século XIX, devido ao desenvolvimento do setor terciário (lojistas, empregados de escritório, telegrafistas, técnicos superiores, profissionais liberais, professores e profissões ligadas ao comércio e aos serviços conheceram um crescimento).
  • O ramo dos empregados de escritório (colarinhos brancos) regista uma taxa de crescimento mais significativa. Quanto às profissões liberais, pouco cresceram em, mas desde 1870-1880, valorizaram-se, pois o saber científico conferia-lhes autoridade e estatuto. Têm ainda vantagens materiais. Por isso, muitos dos seus elementos ascendiam socialmente.
  • Os professores foram uma profissão de sucesso no final do século XIX. Vindos do campo, ilustravam a mobilidade social. Embora o seu ordenado fosse modesto, a verdade é que o seu saber garantia consideração social.
  • Importância das classes médias:
  • económica- têm poder de compra
  • política:

↳ são votantes;

↳ são instruídos;

↳ constituem a maioria da opinião pública- os políticos têm de ouvir estas classes

  • colarinho branco- funcionários de escritório- têm um trabalho limpo, com consideração social, requer instrução; ocupam-se da correspondência, da contabilidade, e da movimentação de uma série de documentos; os seus vencimentos parecerem insuficientes, a verdade é que o seu grau de instrução, as suas maneiras distinguiam-nos do mundo do trabalho manual.
  • profissões liberais- profissões exercidas por conta própria, cujos os membros dependem de uma ordem, isto é, de um organismo profissional que lhe impõem regras.

O conservadorismo das classes médias

  • O mérito de cada um é a chave de uma vida digna e de ascensão social.
  • Tinham um gosto pelo trabalho e pelo estudo, e um sentido de responsabilidade.
  • Geriam com cuidado o seu património, contendo-se nos gastos, o que lhes dava estabilidade financeira e até alguns luxos como uma boa casa ou boa educação.
  • Muito conservadores, valorizavam o estatuto de cada um.
  • Respeito pela hierarquia, pelas regras, pela respeitabilidade e pela decência.
  • O seu quotidiano dividia-se entre o trabalho e a família, à qual impunham uma moral rígida. (é mal visto o divórcio e relações extraconjugais).
  • Modéstia; regularidade dos hábitos de vida; vigilância dos cerimoniais sociais e religiosos; cumprimento das regras de educação e de cortesia; compostura; cuidado no vestir, agir e falar; respeito pelo chefe de família e pelas virtudes domésticas- comportamento das classes médias.
  • Consciência de classe- Perceção explícita de pertença a uma classe social específica, por parte de indivíduos ou grupos. Implica a solidariedade para com os elementos da mesma classe e o distanciamento relativamente às outras classes sociais.

A condição operária: condições de trabalho

  • Proletariado- Segundo a terminologia marxista, significa a classe operária que, sem meios de produção (a não ser os seus filhos, a sua prole), vende a sua força de trabalho (manual) em troca de um salário. O termo proletário remonta à Roma Antiga, abrangendo os cidadãos de inferior categoria, isentos de impostos, cuja única função social era a de gerar filhos.
  • Constituíram uma mão de obra barata, disponível e pouco exigente, sujeita à exploração.
  • Condições de trabalho duríssimas:
  • o dia de trabalho começava cedo e terminava muito tarde;
  • trabalham 6/7 dias por semana, 12 a 16 horas por dia, sem férias, feriados, e muitas vezes sem descanso semanal;
  • horários rígidos com curtas pausas para as refeições e com vigilância apertada;
  • locais de trabalho inóspitos (sem condições de saúde ou segurança- quentes no verão, gelados no inverno; ruidosos, sem arejamento, mal iluminados e sem instalações sanitárias)- os acidentes aconteciam com frequência- consequência do cansaço, da falta de supervisão das máquinas, das inundações, dos desabamentos ou das explosões;
  • salários muito baixos e à mercê dos interesses do dono da fábrica- em tempos de propriedade, a procura aumentava e os salários podiam subir um pouco, na altura das crises cíclicas, os salários baixavam e o desemprego era inevitável;
  • os salários das mulheres eram ainda mais baixos, por serem mais ágeis a obedientes realizavam os mesmo trabalhos que os homens mas por um preço mais baixo.
  • as crianças começavam a trabalhar aos 4/5 anos, e eram muito procuradas pela sua pequena estatura e agilidade (por exemplo limpar bobinas entupidas, recolocar os fios partidos dos teares, ou empurrando pesadas vagonetas carregadas de carvão e de outros minerais pelas estreitas galerias.

A condição operária: condições de vida

  • Vivem em miséria (quando viviam nos campos os vizinhos ajudavam em caso de necessidade).
  • Viviam em casas sem condições básicas de saúde e segurança.
  • Os bairros operários que foram crescendo junto das fábricas e das minas não tinham boas condições de salubridade Nas ruas os detritos acumulavam-se permitindo a propagação de doenças.
  • Ausência de proteção social e de laços de solidariedade agravavam a solidão e a desilusão, muitas vezes abafados com o alcoolismo. A pobreza fez aumentar a mendicidade, a prostituição, a deliquência e a criminalidade.

Associativismo e sindicalismo

  • Movimento operário- Conjunto de ações levadas a cabo pelos trabalhadores assalariados, para a concretização das suas reivindicações. Associações de socorros mútuos, cooperativas, sindicatos, greves, manifestações, foi como se traduziu o movimento operário, empenhado não só na melhoria das condições económicas e sociais, mas também na obtenção de direitos políticos.
  • Desde cedo os operários reagiam às duras condições de vida e de trabalho:
  • inicialmente com a falta de organização, os operários empreendem lutas violentas, condenadas ao fracasso;
  • o ludismo- destruição de fábricas, máquinas e residenciais industriais;
  • dura repressão sobre os operários (só causava caos).
  • Associativismo (criação de sociedades fraternas):
  • Associações de socorros mútuos através das quotas dos associados, acudiam em casos de necessidade (doença, velhice, funeral, …).
  • Sindicalismo- futuro do movimento operário:
  • Vertente do movimento laboral que se organiza através dos sindicatos, associações de trabalhadores que exercem a mesma profissão, para defender os seus interesses profissionais.
  • As primeiras formas de sindicatos aparecem na Inglaterra em finais do século XVIII- Trade Unions;
  • O movimento sindical foi abrangendo outros países da Europa ao longo do século XIX;
  • Formas de luta mais comum são as greves (lutas grevistas), que pretendiam:

↳ dia de trabalho de 8 horas;

↳ melhores salários;

↳ direito ao descanso semanal;

↳ indemnização em caso de acidente.

  • A legalização dos sindicatos na 2ª metade do século XIX e a influência das ideias socialistas e anarquistas vão dar força ao movimento sindical.

As propostas socialistas

  • Socialismo- Teoria, doutrina ou prática social que defende a supressão das diferenças entre as classes sociais, mediante a apropriação pública dos meios de produção e a sua distribuição mais equitativa.
  • Os problemas sociais surgidos com a industrialização fazem nascer correntes de opinião que denunciam a exploração capitalista- são as propostas socialistas.
  • Objetivos:
  • denunciar os excessos da exploração capitalista;
  • erradicação da miséria operária;
  • procura de uma sociedade mais justa e igualitária.
  • Diferentes propostas:
  • Socialismo utópico;
  • Socialismo científico/ marxismo.

O socialismo utópico

  • (utópico- perfeito que não pode ser atingido);
  • Defende uma transformação da sociedade através de meios pacíficos (criação de cooperativas de produção e de consumo, a entrega dos assuntos do governo a um grupo de homens que proporcionassem uma maior justiça social).
  • Saint-Simon; Charles Fourier; Louis Blanc; Robert Owen- alguns desses pensadores
  • Proudhon (o mais ousado):
  • abolição da propriedade privada;
  • criação de associações mútuas onde todos trabalhamos em conjunto e colocariam em comum os frutos do seu trabalho;
  • criação de uma sociedade igualitária e a melhoria das condições sociais sem luta de classes, onde o Estado seria desnecessário.
  • Propostas irrealizáveis ou condenadas ao fracasso.

O marxismo

  • Objetivo: sociedade sem classes- comunismo (todos são iguais, tudo é comum).
  • Karl Marx e F. Engels redigiram o Manifesto do Partido Comunista em 1848, fazendo surgir o marxismo.
  • Começaram por fazer uma análise rigorosa da história da sociedade e encontraram uma sucessão de modos de produção (esclavagismo- feudalismo- capitalismo), e também, que sempre houveram oprimidos e opressores.
  • O que levava a estas sucessões era a resistência dos oprimidos, ou seja, a luta de classes.
  • A luta de classes sempre existiu e era considerada o motor da história/ transforma a sociedade.
  • explicou a luta de classes pelas condições materiais- daí o marxismo, enquanto teoria da História, é chamado de materialismo histórico.
  • Considerava-se que o modo de produção capitalista assentava na exploração do trabalho operário (mais-valia do trabalho operário → o salário do operário não corresponde ao valor do seu trabalho, mas apenas ao valor de bens que ele necessita para sobreviver), logo a luta de classes era inevitável e levaria ao fim do capitalismo.
  • Propõem um conjunto de etapas para atingir o objetivo:
  • (através de revoluções, com o uso da força e da violência- via revolucionária
  • através de sindicatos que ajudem a criação de partidos socialistas, comunistas e operários- via democrática)
  • O proletariado devia unir-se (organizado em sindicatos e partidos políticos) e devia lutar para alcançar o poder político (recorrendo à via revolucionária se necessário) e exercer a ditadura do proletariado (período em que o proletariado estaria à frente do governo). Retiraria o capital da burguesia, havendo uma nacionalização/ coletivização dos seus bens. A ditadura seria uma etapa necessária para a construção rápida de uma sociedade sem classes (o Estado só poderia desaparecer depois).
  • Os problemas do proletariado são os mesmos em todos os países, e por isso devia haver uma união, de forma a reforçar a sua força.
  • O Marxismo apelou, assim, ao internacionalismo operário. Surgem as internacionais operárias.

As Internacionais operárias

  • 1864- nasce a I Internacional Operária:
  • Organização que coordenava os sindicatos de vários países (para que se fizessem grandes manifestações grevistas);
  • os seus ideais partiam da ideia de que a libertação do proletariado dependeria deles mesmos;
  • Contribui para a legalização dos sindicatos;
  • Ajuda na criação de partidos que ajudassem a colocar fim à era do capitalismo e a sociedade de classes;
  • Termina em 1876, devido a haverem ideias diferentes, surgem os anarquistas liderados por Bakunin (defendiam o fim imediato do Estado, consideravam a ditadura do proletariado e a supremacia do Estado uma negação da liberdade), acusam Marx de ser autoritário e de apelar à violência, o que vai criar divisões dentro da internacional.
  • 1889 a 1914- II Internacional Operária
  • os anarquistas foram afastados;
  • desentendimentos entre os marxistas e o revisionistas.
  • Revisionismo, defendido por Bernstein:
  • Tem propostas socialistas- querem melhorar a sociedade;
  • Afirma que não tem de haver constante luta de classes- a prova disso é o que aconteceu na Alemanha no final do século XIX, onde os partidos socialistas conseguiram melhorar as condições do proletariado;
  • Defende a via mais pacífica- o papel da atuação parlamentar e sindical;
  • Defende uma evolução pacífica, gradual e reformista do capitalismo para o socialismo, substituindo a luta de classes e a ditadura do proletariado por um entendimento entre burgueses e operários.
  • A II Internacional termina devido à I Guerra Mundial.

Evolução democrática, nacionalismo e imperialismo

As transformações políticas: a evolução democrática do sistema representativo; os excluídos da democracia representativa

  • Demoliberalismo- sistema político em vigência no mundo ocidental, desde as últimas décadas do século XIX. Confere grande valor à representação da Nação, alargando o sufrágio e reforçando o poder dos Parlamentos.
  • Sufrágio “universal"- direito de todos os cidadãos, sem distinção de sexo, raça, fortuna ou instrução, votarem em eleições para a escolha dos representantes políticos. É “universal” pois apesar de ser uma grande mudança, mulheres, negros, e analfabetos não votavam.

A submissão das nacionalidades

  • Nacionalismo- sentimento de pertencimento de um povo a uma comunidade dotada de língua, religião, tradições culturais e passado histórico comuns. Identificado com o patriotismo, o nacionalismo tanto justifica o direito dos povos à auto governação como pode fundamentar uma política belicista de conquistas territoriais e de racismo para com as minorias.

Imperialismo e colonialismo

  • Imperialismo- Domínio que um Estado exerce sobre outros Estados ou outras nações, alargando o seu poder e influência. Este domínio pode revestir-se de um cariz político, militar, económico ou cultural. A forma mais completa de imperialismo é o colonialismo.
  • Colonialismo- Domínio que um Estado exerce sobre outros territórios, geralmente longínquos (as colónias), que se veem privados de autonomia. É uma forma de imperialismo completa, já que se exerce a nível político (territórios não independentes), económico (exploração dos recursos das colónias e sua subordinação aos interesses do país colonizador) e culturais (valorização da cultura do colonizador).

Portugal, uma sociedade capitalista periférica

A regeneração: uma nova etapa política

  • 1851- golpe de estado, feito pelo Marechal-duque de Saldanha, que inicia e Regeneração.
  • Nova etapa política, que corresponde a um período de estabilidade e desenvolvimento económico.
  • Há uma pacificação do país.
  • 1852- Ato Adicional à Carta- revisão da Carta Constitucional de 1826:
  • Alargamento do sufrágio;
  • Eleições diretas para a Câmara dos Deputados;
  • Estabelece-se o rotativismo partidário- vai conciliar as diferentes fações do liberalismo e harmonizar os interesses da alta burguesia com os da pequena e média burguesia.
  • Empreendem-se diversas reformas económicas com vista ao desenvolvimento de todo o país.

O desenvolvimento de infraestruturas: transportes e comunicações

  • Na 1ª metade do século XIX o transporte era caro e difícil de fazer (assegurado por animais). As estradas continuavam danificadas desde as revoluções francesas.
  • Em 1852, foi criado o ministério das obras públicas, comércio e indústria, liderado por Fontes Pereira de Melo, com o objetivo de renovar as infraestruturas nacionais (fontismo- período de governação de Fontes Pereira de Melo). Fontes Pereira de Melo considerava que tinha de alargar o mercado interno e as comunicações com o exterior (tinha de se facilitar a circulação de pessoas, bens e capitais de modo a impulsionar a economia nacional).
  • Construção e reparação de estradas.
  • Inauguração e desenvolvimento dos caminhos de ferro (inauguração do 1º troço de caminho de ferro- 1856).
  • Construção de pontes, viadutos, túneis, caminhos de ferro…
  • Símbolo de progresso a inauguração destas infraestruturas eram aplaudidas e apreciadas.
  • Construção e melhoramento de portos (melhoramento do de Lisboa e construção do porto de Leixões)- facilita o comércio com as colónias e os mercados internacionais.
  • Melhoramento dos correios:
  • através do caminho de ferro (as cartas passam a ser transportadas por comboio);
  • uso do selo adesivo- simplificou o pagamento.
  • 1856- inaugurada a rede oficial de telegrafia elétrica. A instalação do telégrafo fez parte de um sistema complementar de comunicações muito importante para os transportes ferroviários.
  • Este dinamismo fez-se sentir mais nas grandes cidades, onde também se inauguraram modernos transportes urbanos e as primeiras linhas telefónicas.
  • Final do século XIX- automóvel.

A criação de um mercado nacional e o desenvolvimento das atividades produtivas: O mercado unificado

  • A política económica de Regeneração assentou no livre-cambismo (liberdade de comércio):
  • Pauta Alfandegária de 1852 (conjunto de medidas que regula a saída e entrada de mercadorias):

↳ liberalizar o comércio;

↳ redução das taxas alfandegárias para diminuição do custo de matérias-primas importadas.

  • Uniformização do sistema de pesos e medidas- sistema métrico decimal.
  • A pauta alfandegária e a uniformização do sistema de pesos e medidas, juntamente com o desenvolvimento dos transportes, permitiu a criação de um mercado nacional unificado, que estimulou a produção e o comércio.
  • O mercado unificado e a pauta livre-cambista ajudaram na dinamização da agricultura e da indústria.
  • O fontismo visava, também, o alargamento das relações internacionais e o fomento do comércio externo.

A expansão da agricultura

  • Modernização e fomento da agricultura:
  • libertação da terra dos direitos feudais;
  • difundiu as associações agrícolas;
  • promoveu a organização de exposições e concursos.
  • extinção definitiva dos morgadios;
  • abolição dos baldios e dos pastos comuns;
  • fizeram-se arroteamentos.

alargamento da área cultivada

aproveitamento mais intensivo dos solos

  • o milho, trigo e a vinha foram os que mais beneficiaram destes arroteamentos;
  • introdução de novas culturas: batata (um pouco por todo o país) e arroz (Vouga, Mondego, Tejo e Sado);
  • difusão da utilização de adubos químicos e de máquinas agrícolas de forma lenta e irregular, pois apenas os grandes agricultores com grandes terras é que tinham condições para adotar estas inovações.
  • França e Inglaterra recebiam a maioria das produções portuguesas: vinhos, gado vivo, casulos de seda, cortiça, laranjas e frutos secos.
  • Instituição do ensino agrário (a ausência de um ensino para os setores, agrícola, industrial e comercial era um dos fatores mais penalizadoras do desenvolvimento económico).

Os progressos na industrialização

  • Criação do ensino industrial;
  • Em Lisboa e no Porto;
  • objetivo: atrair operários com conhecimentos limitados e fazer deles profissionais habilitados.
  • Fundação de associações/ sociedades;
  • divulgavam novos processos e mecanismo de fabrico;
  • organização de exposições.
  • Organização de exposições de produtos de novas indústrias;
  • contribuíram para a atualização tecnológica;
  • favoreciam os contactos e os negócios internacionais.
  • Produziu-se nova legislação;
  • novo quadro jurídico para as sociedades anónimas portuguesas e estrangeiras, de modo a incentivar o investimento de capitais.
  • Iniciou-se a estatística industrial.
  • O aperfeiçoamento tecnológico pode atribuir-se ao aumento da importação de máquinas industriais e do número de registos de patentes de invenção, assim como da crescente utilização do vapor como energia e a diversificação dos ramos industriais (indústrias têxtil, metalúrgica, da cerâmica, do vidro, do tabaco, do papel, da moagem, dos fósforos, da cortiça e das conservas de peixe).

Portugal no contexto europeu- os limites do crescimento económico: Uma descolagem tardia

  • A industrialização portuguesa, impulsionada pelos governos da Regeneração, fez-se muito tardiamente, e por isso o país teve dificuldades em recuperar o tempo perdido e em superar o atraso económico em que se encontrava
  • Portugal sofreu a concorrência das grandes potências industriais, que a política livre-cambista favoreceu. O país debateu-se também com a insuficiência de matérias-primas (algodão, ferro) e do carvão, que alimenta máquinas a vapor e altos-fornos.
  • A industrialização do país fez-se de forma lenta. Em 1890, muito pouca população trabalhava no setor secundário ou em fábricas. O número de grandes empresas era reduzido, predominando uma variedade de pequenas fábricas e oficinas que funcionavam no interior das simples casas de habitação. Pouca produção podia ser exportada, o que comprova a fraca competitividade internacional da indústria portuguesa.
  • Na agricultura, a aplicação das inovações tecnológicas foi lenta e desigual. A mecanização foi sobretudo visível nas lezírias ribatejanas e nas planícies do Alentejo; no Norte do país, a morfologia do terreno, mais acidentado, e o predomínio do minifúndio constituíram obstáculos à mecanização. Também a falta de instrução e os poucos recursos da maioria dos agricultores limitaram o investimento na modernização dos processos produtivos.

Portugal no contexto europeu- os limites do crescimento económico: A dependência de capitais estrangeiros

  • O modelo económico regenerador baseava-se no pressuposto de que desenvolvendo as comunicações, se fomentaria a prosperidade comercial, e isso, estimularia o desenvolvimento da produção agrícola e industrial e o aumento do consumo, permitindo uma maior cobrança de impostos. Estes impostos cobririam as somas despendidas pelo Estado na modernização do país. Isto não aconteceu, o desenvolvimento económico não atingiu o ritmo esperado e as despesas do Estado cresceram muito mais do que as receitas.
  • O recurso ao financiamento externo agrava o défice das finanças públicas. Face à impossibilidade de aumento dos impostos, restava o recurso a novos empréstimos.
  • Para além de financiarem o Estado, os capitalistas estrangeiros investiram também em empresas privadas. Favorecidos pela política livre-cambista, os investimentos externos fizeram-se diversas companhias (telégrafos e telefones, de fornecimento de gás, de transportes urbanos). Portugal tem uma excessiva dependência face ao capital estrangeiro.