Definição: O sistema imunitário é fundamental para a proteção e combate a doenças infeciosas, funcionando como uma barreira dinâmica que envolve múltiplos componentes que trabalham em conjunto para identificar e eliminar agentes invasores.
O sistema imunitário é um complexo conjunto de moléculas, células, tecidos e órgãos que atuam cooperativamente na resistência a infeções. Ele é essencial para manter a homeostase, respondendo rapidamente a patógenos estranhos e à infecção, enquanto, idealmente, não ataca as células do organismo.
A resposta imunitária é a reação orquestrada do sistema a microrganismos infeciosos, que inclui a ativação de diferentes tipos celulares e a produção de moléculas sinalizadoras. A resposta pode ser específica (protegendo contra um tipo específico de patógeno) ou não específica (resposta geral contra qualquer agente invasor).
Os agentes infeciosos podem ser classificados como:
Subcelulares: Como priões e vírus, que não têm uma estrutura celular complexa e dependem de células hospedeiras para se replicar.
Celulares: Que incluem bactérias, protozoários, fungos e parasitas, que possuem estrutura celular e podem viver independentemente.
Os agentes que causam doenças são conhecidos como patógenos, que podem provocar desequilíbrios e infecções no organismo.
Exemplos comuns de microrganismos:
Vírus: HIV (responsável pela AIDS), V. cholerae (causador da cólera), C. albicans (um fungo que pode causar infecções oportunistas) e W. bancrofti (um parasita que causa a filariose).
Agentes patogénicos mais frequentes: incluem, entre outros, vírus, bactérias e fungos.
Os vírus são caracterizados por:
Sensibilidade: A desinfetantes e à condição do ambiente, embora possam permanecer viáveis em ambientes propícios.
Estrutura: Apresentam uma estrutura simples e acelular, consistindo de ácido nucleico (DNA ou RNA), protegido por uma cápside. Alguns vírus possuem uma membrana lipídica externa (invólucro).
Mecanismo de Multiplicação: Inativos fora de células, os vírus se multiplicam dentro das células hospedeiras, induzindo a síntese de seus componentes, utilizando a maquinaria celular da hospedeira.
Os vírus podem causar:
Alterações significativas no metabolismo celular da célula hospedeira.
A expressão da informação genética do vírus, que resulta na síntese de novos vírus e na destruição da célula hospedeira.
Existem mais de 2 mil espécies de bactérias, com a maioria desempenhando um papel benéfico na microbiota do corpo humano. Esta microbiota é crucial para a saúde digestiva, síntese de vitaminas e proteção contra patógenos.
Estrutura: As bactérias são pequenas, geralmente sem núcleo verdadeiro, com uma parede celular que fornece proteção.
Genética: Contêm um nucleóide (onde o DNA está localizado) e plasmídeos (pequenos anéis de DNA que podem conferir resistência a antibióticos).
Organelas: Apresentam ribossomos (responsáveis pela síntese proteica), inclusões ou grânulos (armazenamento de substâncias) e, em algumas espécies, flagelos (para locomoção).
Os principais objetivos do sistema imunitário incluem:
Proteger o organismo contra agentes externos e patogênicos.
Como? Através de estratégias como:
Impedir a entrada de patógenos.
Reconhecimento de substâncias estranhas e mobilização da resposta imunitária para neutralizá-las.
O MHC é um grupo de genes crucial para a autoimunidade e a rejeição de enxertos, localizado no cromossoma 6.
MHC Classe I: Presente na maioria das células do corpo, permite que as células apresentem peptídeos derivados de proteínas citosólicas.
MHC Classe II: Restrito a células do sistema imunitário, como macrófagos e linfócitos, e apresenta peptídeos derivados de proteínas endocitadas.
Diversidade de Alelos: Há uma alta diversidade de alelos entre indivíduos, o que aumenta a capacidade do sistema imune para reconhecer uma vasta gama de patógenos.
Estruturas essenciais no sistema imunitário incluem:
Amígdalas, adenóides, gânglios linfáticos, apêndice, baço, placas de Peyer, timo e medula óssea, que atuam na produção e maturação de células do sistema imunitário e na filtragem de linfa e sangue.
As células imunitárias, especialmente os leucócitos (glóbulos brancos), são produzidas a partir de células estaminais na medula óssea, e incluem:
Monócitos: Tornam-se macrófagos, que realizam fagocitose.
Eosinófilos: Ajudam a combater parasitas e a regular reações alérgicas.
Basófilos: Liberam histaminas e promovem inflamação durante reações alérgicas.
Linfócitos: Divididos em
Linfócitos B: Produzem anticorpos, sendo fundamentais para a imunidade adquirida.
Linfócitos T: Reconhecem e destroem agentes patogénicos diretamente.
Classificam-se em:
Agranulócitos: Linfócitos e monócitos.
Granulócitos: Neutrófilos, eosinófilos e basófilos.
Neutrófilos: Principal linha de defesa, são os primeiros a chegar em locais de infecção, responsáveis pela fagocitose de patógenos.
Linfócitos B: Especializados na produção de anticorpos que marcam patógenos para destruição.
Linfócitos T: Reconhecem e eliminam células infetadas.
Monócitos: Diferenciam-se em macrófagos, que são também importantes na apresentação de antígenos e na produção de citocinas.
Eosinófilos: Envolvidos na resposta a infecções parasitárias e na modulação de reações alérgicas.
Basófilos: Desempenham um papel no início das respostas imunitárias e na participação de reações alérgicas através da liberação de mediadores inflamatórios.
A defesa do organismo pode ser dividida em:
Defesa Não Específica: Compreende a
Primeira linha: Barreiras anatómicas (pele, mucosas) e secreções (saliva, lágrimas). Esta linha impede a entrada de patógenos.
Segunda linha: Englobando a fagocitose (realizada por neutrófilos e macrófagos), resposta inflamatória, interferões (proteínas antivirais) e sistema complemento (um conjunto de proteínas que atuam na promoção de resposta inflamatória e aumento da fagocitose).
Defesa Específica:
Terceira linha: Envolve a imunidade humoral (mediada por anticorpos produzidos por linfócitos B) e a imunidade celular (mediada por linfócitos T). Esta linha é característica por sua especificidade e memória imunitária.
A resposta inflamatória é caracterizada por:
Calor, vermelhidão, dor e edema, como resultado da liberação de mediadores químicos que aumentam o fluxo sanguíneo e a permeabilidade vascular.
Mobilização das células imunitárias para o local da infecção através de processos como quimiotaxia e diapedese.
Em resposta a uma infecção, ocorre um aumento na produção de leucócitos, e a febre é um mecanismo de defesa que pode ajudar a inibir a replicação de patógenos.
Interferões: Glicoproteínas que atuam contra infeções virais, estimulando a resposta antiviral em células infectadas e não infectadas.
Sistema Complementar: Conjunto de proteínas plasmáticas que interagem em cascata para promover respostas inflamatórias, opsonização de patógenos e lises de células invasoras.
As células NK reconhecem e destroem células infetadas por vírus ou cancerosas, induzindo a apoptose (morte celular programada).
Imunidade Inata: É a resposta imune geral e não específica, presente desde o nascimento, que atua rapidamente após a exposição a patógenos.
Imunidade Adquirida: É a resposta específica que se desenvolve após a exposição a patógenos, envolvendo a produção de anticorpos e a ativação de células T, e tem a capacidade de manter uma memória imunitária.
As vacinas contêm partes inativas ou atenuadas de microrganismos, induzindo o sistema imunológico a produzir anticorpos e a preparar células de memória. As vacinas variam em duração de imunidade e podem alterar a resposta imune do indivíduo.
A imunidade de grupo ocorre quando uma parte significativa da população está imune a uma doença, reduzindo a propagação do agente infeccioso e protegendo também aqueles que não estão imunes, como idosos e pessoas com doenças autoimunes.