S7PH Sartre existencialismo é Um Humanismo

Existencialismo Definido

Definição por Sartre

O existencialismo é um humanismo que enfatiza a primazia da existência individual. Sartre postula que "a existência precede a essência", o que indica que um indivíduo nasce primeiro e, em seguida, define-se por suas ações e decisões ao longo da vida. Esta filosofia rejeita a ideia de uma natureza humana pré-determinada, afirmando que as características e valores de uma pessoa são formados através de suas experiências e escolhas conscientes.

Ação e Definição

Segundo Sartre, a ação é fundamental para a definição da pessoa. O homem não tem uma essência fixa ou um propósito inato; ele molda sua identidade através de suas ações deliberadas. Esse processo contínuo de escolha é o que estabelece quem somos, criando a identidade como um reflexo não apenas de decisões pessoais, mas também do contexto social e histórico em que vivemos.

Construção do Homem

A visão existencialista descrita por Sartre define o homem como a "soma de seus atos", enfatizando que nossa identidade não é estática, mas sim uma construção social e pessoal que evolui com o tempo. Este conceito implica que as ações têm um papel central na formação da identidade, e que essa identidade é, portanto, sempre suscetível a mudanças e interpretações.

Críticas ao Existencialismo

Críticas de Quietismo

Uma das principais críticas ao existencialismo é a acusação de que ele leva ao desespero e ao quietismo, sugerindo que, sem diretrizes morais absolutas, a ação e a mudança se tornam impossíveis. Críticos, em especial de orientações comunistas, argumentam que o existencialismo não oferece soluções concretas para a ação social, deixando seus adeptos paralisados diante da incerteza.

Acento na Ignomínia

Outra crítica se origina do meio religioso, que alega que o existencialismo enfatiza excessivamente os aspectos negativos da condição humana. Os críticos afirmam que essa filosofia ignora as dimensões mais elevadas e positivas da vida, focando apenas na dimensão sombria e trágica da existência.

Solidariedade

Há também acusações de que o existencialismo fracassa ao não promover a solidariedade humana, partindo de uma visão radical de subjetividade encapsulada no "eu penso" cartesiano. Essa crítica sugere que o individualismo do existencialismo pode resultar em apatia em relação ao sofrimento alheio e à luta coletiva.

Respostas a Críticas

Sartre propõe uma defesa vigorosa do existencialismo, argumentando que a filosofia não busca nem nega os valores humanos existentes, mas sim reafirma-os através da ação individual responsável. Segundo ele, o reconhecimento da liberdade individual leva a um compromisso com a humanidade, em vez de um afastamento dela.

Humanismo Existencialista

O existencialismo, apesar das críticas, é paradoxalmente um humanismo. Ele coloca a vida humana e suas complexidades no centro da filosofia, reconhecendo que a verdade e a ação estão sempre mediadas por uma subjetividade individual. Essa perspectiva humanista implica que cada pessoa é responsável por dar significado à sua vida através de escolhas informadas.

Existencialismo Ateu

Distinções Entre Correntes

Os existencialistas cristãos, como Jaspers e Gabriel Marcel, diferem significativamente dos existencialistas ateus, como Sartre e Heidegger. A frase "a existência precede a essência" implica que, sem uma essência divina, cabe a cada indivíduo definir quem ele é, gerando uma realidade de total responsabilidade pessoal pela moralidade e pelas decisões éticas.

Liberdade e Responsabilidade

Liberdade

Em um mundo que postula a inexistência de Deus, a liberdade humana é uma condição caracterizadora. No entanto, a liberdade vem acompanhada da responsabilidade por inventar e definir a própria moralidade e ética. Esta carga é tanto uma fonte de grande potencial criativo quanto de ansiedade.

Responsabilidade Coletiva

Sartre salienta que a responsabilidade não é apenas individual; as ações de uma pessoa afetam a coletividade. Cada escolha contribui para a formação de um ideal humano coletivo, levando à crucial compreensão de que o impacto de um ato transcende a individualidade.

Angústia e Existência

Angústia

A angústia é uma parte inerente da experiência humana, refletindo a pesada carga da responsabilidade imposta pelas escolhas. O reconhecimento dessa angústia é vital para entender a condição existencial.

Escolhas e Consequências

Cada decisão que tomamos tem implicações não apenas para nós, mas também para a humanidade em geral. A filosofia existencialista nos desafia a avaliar as validações de cada escolha a partir de uma perspectiva coletiva, reconhecendo as interconexões entre indivíduos.

Moralidade e Existencialismo

Necessidade da Ação

O existencialismo não é uma filosofia de inação. Em vez disso, é um chamado à ação. Ele se opõe ao quietismo, reconhecendo a necessidade de cada indivíduo construir significado ativamente na vida real e enfrentar os desafios do mundo.

Validade da Moral

Os valores morais não são universais ou fixos na visão existencialista. Eles devem ser constantemente reinterpretados e vividos no contexto das ações do indivíduo. A moralidade está, portanto, enraizada na experiência e na ação prática, em vez de ser um conjunto de regras absolutas.

Experiência Humana

Não existe uma moral universal; cada ação é influenciada pelo contexto histórico, social e situacional específico. Para Sartre, isso implica uma abordagem ética que é flexível e adaptativa, permitindo uma resposta mais humana às circunstâncias da vida.

Humanismo Existencialista

Diferenciação do Humanismo

Sartre critica o humanismo tradicional que celebra a humanidade sem considerar que esta é um estado em contínua construção. Para ele, o verdadeiro humanismo deve reconhecer a constante evolução da condição humana.

Transcendência

O humanismo existencialista valoriza o ser humano em sua busca incessante por superação e transcendência, afirmando que a verdadeira natureza do humanismo reside em um dinamismo que busca sempre ir além de suas limitações.

Conclusões

O existencialismo rejeita a noção de desespero que alguns atribuíram a ele, representando, na verdade, um reconhecimento da liberdade intrínseca do ser humano. Essa filosofia incita um comprometimento ativo com a vida, com as escolhas e com os outros, informando que mesmo em um universo desprovido de Deus, ainda mantemos a capacidade de construir nossa própria essência e ética através de nossas decisões e ações.

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